A chinesa Meitu, desenvolvedora especializada em aplicativos de beleza, está em processo de abertura de escritório no Brasil. Sua meta é conquistar 7 milhões de usuários ativos mensais (MAUs) por aqui após os primeiros 12 meses de operação. A companhia tem em seu portfólio sete apps, com destaque para os três que serão promovidos no Brasil inicialmente: BeautyPlus (Android, iOS), que realiza retoques automáticos em autorretratos;  MakeupPlus (Android, iOS), que aplica filtros de maquiagem sobre os rostos nas fotos; e o Airbush (Android, iOS), que faz retoques mais sutis nas selfies. Seu público-alvo são mulheres entre 16 e 24 anos.

Ao todo os sete apps estão instalados em 900 milhões de devices Android e iOS ao redor do mundo. O mais popular é o BeautyPlus, com 100 milhões de usuários mensais ativos (MAUs) no mundo, seguido pelo MakeupPlus, com 40 milhões. Fora da China a empresa estima ter 100 milhões de MAUs somando todos todos os seus apps.

A executiva Ludmilla Veloso foi contratada como diretora de marketing para a América Latina. Ela conta com o apoio de mais quatro funcionários que cuidam das áreas de desenvolvimento de negócios, aquisição de usuários, otimização de busca em lojas de aplicativos (ASO, na sigla em inglês) e comunicação – esta última área é tocada por uma brasileira que reside em Tóquio. Há ainda um gerente geral para América Latina, baseado no México.

No momento, a empresa trabalha no processo de localização dos três apps que vai promover no Brasil. Além da tradução, há outros ajustes a serem feitos. O BeautyPlus ganhará uma versão simplificada, mais leve, para funcionar bem em aparelhos Android de entrada. Alguns filtros serão retirados, para adequar melhor o app às preferências das mulheres brasileiras. Há diferenças marcantes nesse aspecto, quando se compara com os mercados asiáticos. No Japão e na China, por exemplo, faz sucesso um filtro para clarear o rosto, o que provavelmente seria rejeitado no Brasil. "Para o brasileiro, estar bronzeado é sinal de saúde. Expliquei isso aos chineses", conta Veloso.

Outra diferença é que as chinesas gostam de uma maquiagem mais forte e densa, enquanto as brasileiras preferem um visual mais natural. Por isso, a Meitu vai promover com mais intensidade por aqui o AirBrush, seu app com retoques sutis. A preferência foi confirmada pela empresa com focus groups realizados no Brasil. "Os conceitos de beleza são muito diferentes", comenta. Enquanto em alguns países as mulheres usam filtros que as tornam quase irreconhecíveis, no Brasil as usuárias do Meitu se satisfazem apenas tirando as olheiras, conta a executiva.

Modelo de negócios

O primeiro ano de operação da Meitu no País será dedicado à aquisição de usuários. Ao contrário de alguns concorrentes diretos, como o Facetune, seus aplicativos são gratuitos. A empresa vai divulgá-los através de adnetworks e também pelos canais das operadoras móveis brasileiras.

A monetização virá somente depois de um ano, mas ainda não tem um modelo definido para o Brasil. Na China, a empresa comercializa alguns filtros dentro dos apps, seguindo o modelo freemium. Além disso, vende celulares próprios, com câmeras de alta qualidade e que aplicam seus filtros embelezadores automaticamente nas fotos. Alguns modelos chegam a custar mais de US$ 1 mil. Não há a intenção de lançá-los no Brasil.