A questão mais levantada por executivos de operadoras, fornecedoras de tecnologia de rede e segurança sobre o desenvolvimento da Internet das Coisas (IoT) no Brasil durante painek na Futurecom nesta segunda-feira, 17, foi: "quem vai pagar a conta?"

Para Roberto Murakami, líder de operadoras e smart energy da NEC, as operadoras têm duas opções para lucrar com o IoT: cobrar das empresas que vão precisar deste tipo de rede e serviço e dos usuários que vão usar tecnologias como smartwatches e carros conectados.

Para Tarcísio Vieira, EVP em vendas globais e serviços da Coriant, as operadoras precisam definir qual caminho seguir na Internet das Coisas, começando pelo modelo de negócios e pelos backbones. Além disso, o executivo pede para que o governo reveja os parâmetros regulatórios, uma vez que o marco das telecomunicações está em análise.

Ainda assim, Vieira cita que as operadoras já “perderam a rota do crescimento” outras duas vezes: com a entrada do smartphones e com os serviços de streaming. Do mesmo modo que acontece hoje com IoT, as teles não se preparam para a mudança de uso com mobilidade.

Outro executivo, Richard Ullenius, VP da CSG International, concorda com Vieira. Ele acredita que as operadoras devem repensar seu modelo de negócios e atuarem como agregadoras para serviços e fazerem parcerias com outras empresas de tecnologia.

“Uma das ações que estamos vendo são como as operadoras estão mudando de seu formato tradicional para se tornar um provedor de serviços”, explicou o VP da CSG International. “Elas precisam simplificar seu modelo de negócios, algo mais comercial”.

Repensando o modelo de negócios

Para o vice-presidente de venda da Nokia para o Brasil, Luis Tonisi, as empresas de telefonia precisam resolver três pilares em IoT: infraestrutura (que estaria parcialmente resolvido com a tecnologia de banda de estreita), mudança do conceito de M2M para IoT e descobrir onde está o dinheiro. Contudo, o tema mais abordado pelo executivo foi a atualização das leis brasileiras.

“Regulamentação e custo para esse próximo bilhão de conexões: enquanto o Brasil não resolver essas questões vai ficando para trás. Alguns países não cobram para regulamentar. Nós precisamos rever os modelos de concessões”, disse Tonisi. “O grande problema não é o CAPEX, mas o OPEX. O pessoal chama de modernização, mas é uma transformação do modelo. Não faz sentido hoje ter um par de cobre para ter serviço de voz em casa com Voip existindo no mundo”.

“Nós vendemos ainda bytes e bites em uma era com Netflix. Temos que pensar fora da caixa sobre as soluções que a gente quer ter no mercado”, completou Andre Luis Ituassu, diretor de investimentos da Oi.

Por fim, a segurança foi ressaltada pelo sócio-investidor da Everis Juantxo Guibelalde. Ele cita que o principal meio de ameaças são os sensores autônomos. Para esses sensores, ele cita que as redes 2G e 3G não funcionam. Ele sugere tecnologias de banda estreira, como SigFox.