A experiência do barco-hospital Abaré, que há seis anos atende as comunidades ribeirinhas do rio Tapajós no Pará, será replicada em toda a Amazônia. 32 barcos com propostas similares já estão navegando pelos rios da região e mais 100 serão construídos com dinheiro do Ministério da Saúde e com gestão dos municípios atendidos. A iniciativa criará a demanda pela instalação de novas antenas celulares nas rotas trafegadas pelas embarcações, tal como aconteceu em Santarém/PA com o Abaré. Munido de uma antena direcional que se conecta à estação rádio-base 3G mais próxima e de amplificadores de sinal, o Abaré tem cobertura permanente de banda larga móvel em seu interior. Com isso, os médicos a bordo conseguem se comunicar com especialistas de hospitais de outras cidades quando precisam de uma segunda opinião sobre um paciente.

O Abaré visita 70 comunidades ribeirinhas a cada 40 dias, permanecendo entre 4 horas até um dia inteiro em cada uma delas. O barco é dotado de aparelho de raio-X, laboratório, consultório odontológico e farmácia. A cada viagem vão um ou dois médicos, dois residentes do programa Saúde da Família e dois estudantes de medicina. "No Pará, 80% dos médicos estão na capital, onde habita apenas 20% da população. E há apenas um médico para cada 4,5 mil pacientes. O Abaré é uma forma de interiorizar o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS)", explica Fábio Tozzi, médico e coordenador do projeto, que é gerido pela ONG Saúde e Alegria e financiado por uma ONG holandesa chamada Terre des Hommes.

Segundo Tozzi, 93% dos casos recebidos conseguem ser resolvidos dentro do próprio barco. Quando há situações mais graves envolvendo traumatismo craniano ou tiro, o paciente é enviado para o hospital de Santarém por meio de uma "ambulancha". 

Com custo anual de R$ 1,5 milhão, o Abaré está se transformando agora em um barco-escola, para instruir os médicos que trabalharão nos outros barcos-hospitais da região. Segundo Tozzi, esse era o objetivo desde o começo: transformar o Abaré em modelo para política pública de atendimento à saúde no interior da Amazônia.

3G

No caso do Abaré, a conexão 3G é fornecida pela Vivo, por meio de torres instaladas nas cidades de Santarém e Belterra, além da comunidade ribeirinha de Suruacá.

A comunicação 3G não é essencial para o funcionamento dos novos barcos-hospitais, mas, se for adotada, representa uma segurança maior para a tripulação e contribui para a melhor precisão dos diagnósticos. Na falta de cobertura, outras opções de comunicação são antenas via satélite ou rádios.