A próxima geração da assistência digital em dispositivos móveis vai se tornar mais inteligente e responsiva. O novo conceito da assistente pessoal virtual (VPA) foi apresentado nesta quarta, 18, pelo diretor-executivo de novos negócios da norte-americana SRI International, Robert Pearlstein, durante o IT Forum Expo, em São Paulo.

Em meados de 2007, a organização – que atua sem fins lucrativos e é ligada à NASA – criou a empresa da assistente digital Siri. Em 2010, a Apple comprou a start-up e seu software para ser integrado no iPhone 4S. Agora, a SRI International mostra como deve ser a próxima etapa da assistência digital.

“Ao pensar na Siri, imaginamos algo para ajudar nas funções do cotidiano. Mas estamos pensando em algo que interaja, ajude ou mesmo ensine um usuário”, explicou Pearlstein. O norte-americano apresentou dois exemplos de uso do VPA. O primeiro era uma interação entre o usuário, seu smartphone e seu carro, com o sistema dando dicas de como melhorar a direção. O outro, o uso do VPA em realidade aumentada, com dicas visuais para a limpeza de um soprador de folhas por meio do Oculus Rift.

Questionado se a Siri pode enfrentar um campo de batalha com a Microsoft Cortana e o Google Now pelo mercado de assistentes digitais e – eventualmente – ecossistemas, o diretor da SRI International acredita que antes as fabricantes devem desenvolver dispositivos mais inteligentes, em especial para a Internet das Coisas (IoT).

‘IoT é o futuro’

Pearlstein apontou cinco fatores que devem mudar o mercado nos próximos anos: a entrada de 3 bilhões na classe média até 2050, o aumento da expectativa de vida mundial para 76 anos de idade até 2045, crescimento do e-commerce e a Internet das Coisas (IoT).

Dando mais ênfase ao IoT, o profissional explicou que novas categorias de dispositivos e aparelhos devem abrir um novo campo de inovação na tecnologia, como o desenvolvimento de novas aplicações e ferramentas.
“Tudo recai à Internet das Coisas”, disse o norte-americano. “IoT está impactando o mundo todo, inclusive o Brasil.

No entanto, a questão para o seu futuro será o desenvolvimento de sua interface. “Teremos novos dispositivos sem tela, equipamentos com realidade aumentada e com inteligência artificial que precisamos trabalhar para o melhor uso pelas pessoas”, completou.

Bastidores

Durante palestra no segundo dia do IT Fórum Expo, o executivo norte-americano contou alguns bastidores da criação da Siri e de sua chegada à Apple. O sistema de assistência digital fora desenvolvido inicialmente para comandantes militares que precisavam tomar decisões no campo de batalha – chamava-se CALO (Cognitive Assistant That Learns and Organizes).

Com o advento do smartphone, SRI International tentou oferecer o sistema à Motorola e Deutsche Telekom, que não se interessaram. “Os dirigentes da Motorola e da Deutsche Telekom disseram que: as pessoas gostavam de falar ‘no telefone’ e não ‘com o telefone’”, relatou o diretor da SRI.

Pearlstein revelou também que o caminho da Siri por pouco não foi para um dos rivais da Apple, o Google. Antes de Steve Jobs comprar a companhia, a operadora Verizon esteve em conversas para inserir a assistente nos smartphones Android de seu portfólio.