O Brasil teve nesta sexta-feira, 19, o primeiro teste do LTE Broadcast da América Latina durante o Rio Open, principal evento de tênis do País e que acontece nesta semana no Rio de Janeiro. A tecnologia permite distribuir conteúdo em vídeo simultaneamente para diversos usuários em localidades próximas ao evento, com acesso exclusivo ao vídeo e a outros conteúdos relacionados.

A apresentação do novo sistema foi feita entre Claro, Net, Qualcomm, Ericsson, Globosat e Samsung com smartphones Galaxy S6 e S5, preparados exclusivamente para o evento do LTE Broadcast, por meio da rede 4G da Claro. A tecnologia do chip já está disponível pela Qualcomm, mas cabe às fabricantes de celulares adotarem e embarcarem seu software nos handsets.

Usando a rede 4G da Claro – triplicada junto com o 3G na região do Jockey Club do Rio de Janeiro – o LTE Broadcast pode utilizar de 1% a 60% da banda, embora seja dividido com o resto da rede móvel. Jefferson Nobile, diretor de soluções de TV e mídia da Ericsson, explicou que com apenas 10% a 20% de uso da rede de quarta geração é o suficiente para transmitir simultaneamente eventos esportivos e noticiosos.

Durante os testes, a transmissão teve atraso de três segundos entre a imagem da TV paga (Sportv) e a imagem enviada para os celulares, porém em qualidade de vídeo HD.

Sobre o atraso na transmissão de vídeo, o diretor de marketing da América Móvil no Brasil, Márcio Carvalho, atenta que o delay “é aceitável” por ser mais rápido em relação ao unicast, modalidade de transmissão para uma única pessoa. Para ele, a transmissão de vídeo por 4G massiva é mais válida para um grupo maior de pessoas em relação ao unicast, que deve ser adotado mais para conteúdo sob demanda.

O executivo da Ericsson explica que a tendência é a tecnologia melhorar, uma vez que está em seu estágio inicial, mas que trabalha para reduzir o atraso. “Hoje qualquer tecnologia digital tem delay”, argumentou Jefferson Nobile.

Uso comercial

Outra questão abordada durante o teste foi a atualização dos celulares, uma vez que apenas smartphones com chipset da Qualcomm ou Samsung (Exynos) estão aptos para essa tecnologia, ainda que precisem de atualização de software. O diretor sênior de produtos da Qualcomm, Roberto Medeiros, afirma que a estratégia dependerá de cada fabricante. “A Qualcomm trabalhou na concepção do LTE Broadcast, na padronização e na integração nos processadores. Disponibilizamos a tecnologia aos parceiros, depois criamos um middleware (software), um SDK para desenvolver apps e, ao final, fazemos parcerias como a Claro para discutir modelos”, disse o executivo.

Márcio Carvalho ressalta, por sua vez, que a tecnologia de transmissão broadcast está no “começo da caminhada” e que a operadora deve estudar modelos de negócios antes de lançá-la – podendo criar formatos para shows, eventos locais de esportes ou dedicado para o assinante Net/Claro. “A linha Samsung S6 com Exynos já suporta a tecnologia LTE Broadcast. A atualização não vem ativa, mas pode ser feita normalmente. O S6 vem com a tecnologia, mas ainda não está pronto”, revelou o executivo da fabricante.

Novos testes e outros modelos

Sobre a possibilidade de usar a transmissão para outros serviços, a Claro deu como exemplo como atualização de software, conteúdo exclusivo (câmeras extras), áudio online e publicidade, além de transmissão everywhere. Contudo, a transmissão inicial foi feito com aplicativo Claro Esportes, desenvolvido pela Movile, com quatro câmeras exclusivas nas quadras do complexo do Rio Open 2016, no Jockey Clube.

Set-top box e outras operadoras

Antes do Brasil, testes com o LTE Broadcast já foram feitos em eventos na Austrália (Telstra), Estados Unidos (Verizon) e Itália (TIM). Contudo, o uso comercial da tecnologia é realizado apenas na Coreia do Sul (KT) com eventos. Questionados sobre a demora para entregar essa tecnologia, Medeiros afirma que, antes de apresentar o LTE Broadcast, a rede 4G precisa crescer.

O LTE Broadcast poderia ter outras adoções além dos smartphones. Três anos atrás, Qualcomm fez uma parceria com a Technicolor para lançar o serviço via set-top. Nada foi feito até então, mas o executivo da fornecedora revela que pode ser usado para outros serviços.

“O smartphone é o segmento óbvio para o LTE Broadcast. Roteador é um outro segmento. O set-top box de OTTs tem mais vocação que o set-top box de cabo (legado), pode ser um modelo interessante”, afirmou o diretor. “Até agora, mesmo com a Technicolor, ainda não tem aplicação comercial. Outro exemplo (de uso da tecnologia) é o digital signal (propaganda digital)”. Embora a Claro tenha sido a primeira a realizar o teste, Medeiros acredita que outras operadoras devem fazer novos testes em seguida.