Para a TIM, a estratégia de parceria do setor com serviços over-the-top (OTT) não foi acertada. O presidente da operadora, Stefano de Angelis, declarou durante painel na Futurecom nesta quarta, 19, que, diante do cenário de reduções de margens, seria hora de as teles fazerem uma "autocrítica" na política de marketing e monetização de dados. "Não acho que existe no País uma obrigação de dar WhatsApp grátis", declarou. "O equilíbrio entre uso de dados e OTTs é uma alavanca que nós operadores precisamos provavelmente melhorar na formulação de tarifas." A tele não oferece mais em seu portfólio o zero-rating com o serviço de mensagens.

O discurso é que a relação com as over-the-top precisa passar pela máxima de "mesmo jogo, mesmas regras". Mas o executivo reconhece: "não tem legislação que obriga a dar o WhatsApp de graça. Foi uma decisão das operadoras, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Depois (as empresas) vão chorar com as autoridades que têm um problema nos OTTs".

De Angelis acredita que esse tipo de parceria aconteceu porque dados eram apenas uma parte pequena da receita total das teles na época, algo que naturalmente mudou nos últimos anos. Além disso, tem a própria concorrência com as OTTs em serviços análogos aos tradicionais, como a chamada de voz no WhatsApp – ferramenta que, de certa forma, desencadeou a reação mais contundente das teles no Brasil desde que foi lançada no ano passado. "Não dá para alavancar as ofertas de um serviço que come a receita tradicional da empresa", disse em conversa com jornalistas.

Economia

O executivo usa como contexto o argumento de que entre 2012 e 2015 o setor observou uma queda no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBTIDA) anual de R$ 21 bilhões para R$ 18 bilhões, enquanto o Capex aumentou de R$ 12 bilhões para R$ 16 bilhões. "É importante ressaltar que a geração de caixa caiu", argumentou.

Ainda assim, ele assegurou que a trajetória de resultados financeiros no terceiro trimestre da TIM é "consistente". De Angelis se mostrou otimista com as perspectivas macroeconômicas e oportunidades de voltar a crescer, mas ressaltou: "O problema da indústria começou quando a macroeconomia do Brasil estava muito bem, não começou no ano passado. A canibalização da receita tradicional não tem nada a ver."