Ilustração: Cecília Marins/Mobile Time

Os aplicativos e as empresas de tecnologia de mobilidade urbana devem colaborar e fornecer ferramentas e dados para melhorar o trânsito nas cidades brasileiras. Essa é uma das bandeiras que o Idec defende no recente manifesto que pede a criação de um Sistema Único de Mobilidade (SUM).

“No manifesto, nós levantamos que o poder público precisa analisar os dados de bilhetagem e uso, mas também garantir a proteção de dados pessoais. Hoje, sentimos falta desse detalhamento e da obrigação de fornecimento de dados por parte das empresas”, disse Rafael Calabria, coordenador do programa de mobilidade do Idec. “E a cidade tem que se preparar para processar esses dados”, completou.

Entre os dados que Calabria afirmou que precisam estar disponíveis aos usuários são aqueles produzidos pelos apps de navegação desenhados para ajudar no deslocamento da população. Na visão do especialista, as informações dos apps, como horário de linhas de ônibus e metrôs, precisam estar disponíveis também para quem está offline.

SUM

Apresentado no último dia 22 de setembro com 145 signatários da sociedade civil, pesquisadores e movimentos sociais, o SUM segue o modelo do SUS. Ou seja, a ideia é que o governo federal construa um sistema integrado de trânsito em parceria com as esferas estaduais e municipais.

As cinco principais verticais do SUM são:

  1. Equidade;
  2. Universalidade;
  3. Acessibilidade;
  4. Integralidade;
  5. Sustentabilidade.

“O cenário está em aberto com as eleições presidenciais. Mas queremos ter uma nova legislação, que garanta um financiamento (do transporte público) que não dependa da tarifa. Algo associado às formas mais modernas de gestão, como acontece em São José dos Campos e Rio de Janeiro. A nossa ideia é que o papel federal ajude a ter integrações com todas as esferas”, completou Calabria.

Doble cero

Dois temas que permeiam o manifesto são zero emissão de carbono e passe livre. O coordenador do Idec explicou que essas duas propostas são baseadas no transporte doble cero (transporte com duplo custo zerado, na tradução livre para o português) do presidente chileno, Gabriel Boric. Atualmente, Santiago já está com 400 veículos elétricos para o transporte público.

“A frota (elétrica) no começo é mais cara que diesel, mas no dia a dia fica mais barato. Isso é um exemplo que o governo federal poderia incentivar. E a gratuidade do passe livre também é uma realidade. Temos 43 cidades que se anunciam com tarifa zero, como Maricá/RJ, Agudos/SP, Vargem Grande/SP, Mariana/MG, Paranaguá,/PR. Mas podemos chegar a 100 cidades até o final do ano, pois isso aquece a economia da cidade”, disse. “Hoje, São Paulo subsidia um terço da tarifa. Mas a (proposta) tarifa zero precisa ser o custeio completo. Contudo, é um desafio buscar essas fontes de financiamento hoje”, comentou.