A explosão mobile no Brasil deixou de ser expectativa para virar realidade. A venda de smartphones caminha a passos largos para superar a venda de feature phones. As iniciativas mobile se multiplicam entre as grandes marcas, que cada vez mais reconhecem e se utilizam do valor da presença móvel. Mesmo com esse cenário favorável, ainda vemos um “apartheid” muito claro entre marcas que investem em mobile e a cauda longa.

O principal motivo é muito nítido: as barreiras à entrada do nosso mercado ainda represam seu potencial. À medida que ocorrem aumento e melhoria do parque de aparelhos, vemos um universo de possibilidades se abrindo – mas a presença mobile ainda se mantém restrita a poucos. Em uma pesquisa anual que realizamos na Mowa, registramos a penetração do mobile entre as 500 maiores empresas do país, mais o setor bancário. O resultado? Apenas 17% possuíam site móvel, 21%  possuíam aplicativo e 29% haviam experimentado ações SMS (dados de junho de 2011). Se entre as maiores empresas do país a presença móvel ainda é tão tímida, imagine o oceano azul a ser explorado na cauda longa.

A internet viveu fenômeno parecido nos anos 1990, mas aos poucos os “primos” e “sobrinhos” que desenvolviam pequenos sites passaram a competir com as agências da época, em grande parte preenchendo a lacuna deixada, atendendo à parcela não dotada de grandes budgets.

Quem são e onde estão os “sobrinhos e primos” do desenvolvimento mobile? Quem preencherá esta lacuna?

A alta complexidade no desenvolvimento de projetos de mobilidade, uma das maiores barreiras à entrada do mercado, ainda mantém a maioria dos jovens desenvolvedores bem longe.

A fragmentação de dispositivos e sistemas operacionais limita as iniciativas. Dificilmente vemos um desenvolvedor especialista em dois ou mais ecossistemas. A necessidade de especialização leva a uma mão de obra caríssima, com horas de trabalho a valores astronômicos.

E quem pode alocar preciosos 50 mil reais de seu budget para impactar apenas uma pequena parcela de seu target optando por esta ou aquela plataforma? Melhor ainda, quem pode investir 200 mil reais em uma estratégia de mobilidade, englobando todas as plataformas de maneira rica e relevante?

Faltam alternativas que tragam competitividade e principalmente democratização ao universo mobile. Neste momento, poucos estão buscando soluções nesse sentido, mas é na cauda longa que está o nosso oceano azul. Em palestras do meio ouvimos muitos analistas falando sobre a “revolução mobile” e como ela está acontecendo e mudando paradigmas.

Pois eu afirmo que a tal revolução nem ao menos começou. Ao receber relatos indignados de alguns dos nossos prospects em relação aos altíssimos custos de desenvolvimento, observamos uma tendência que hora ou outra vai virar realidade. Cedo ou tarde se dará a primavera dos que não possuem robustos budgets, mas ainda assim reconhecem o valor e importância do canal móvel.

Em breve, teremos alternativas a esse verdadeiro “apartheid”, e a cauda longa descobrirá o celular como canal de comunicação essencial.

Aí sim, conheceremos o real alcance da revolução mobile.