97% dos estudantes brasileiros – de escolas públicas e privadas das regiões urbanas – acessam a Internet por meio de seus celulares. O número não muda por região. Para 18% dos alunos o smartphone é o dispositivo exclusivo de acesso à rede. Os dados fazem parte da 8ª edição da pesquisa TIC Educação 2017, organizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). A pesquisa pode ser acessada aqui.

Os números se distanciam quando separamos por região ou por escola. Na região Sul do País, 10% dos alunos usam apenas os celulares para acessar a Internet, enquanto que na região Norte são 32% dos estudantes. E, entre as escolas particulares, apenas 2% usam os smartphones de forma exclusiva para acesso à rede, enquanto que 22% dos alunos das escolas públicas não têm outra opção. “A pesquisa comprova que o celular, de fato, se transformou no principal dispositivo de acesso à Internet, em especial para crianças e adolescentes em faixa etária escolar”, conta Fabio Senne, coordenador da pesquisa.

Wi-Fi

A rede Wi-Fi também está difundida entre as instituições das áreas urbanas. No entanto, seu uso é limitado ainda. 92% das escolas em áreas urbanas têm Wi-Fi, porém, 61% delas não permitem que seus alunos se conectem a elas. Esse número cai para 48% nas escolas particulares.

“Ter uma rede na escola não significa que ela está sendo usada pelos estudantes. Muito pelo contrário. Uma minoria deixa a rede aberta para o uso de seus alunos. Em geral porque as faixas de conexão ainda são baixas. Esse uso está restrito à administração escolar. Além do mais, há uma discussão sobre a cultura da utilização da Internet nas escolas. Ela é vista como algo que atrapalha. E há também uma limitação de qualidade dessa conexão muito grande. A média de conexão é de 2 Mbps”, explica Senne.

Discussões

E, se a Internet e os smartphones já são uma realidade, as discussões nas escolas das regiões urbanas passam a um outro patamar: como capacitar seus profissionais e como orientar as famílias para o bom uso da rede. A pesquisa constatou, por exemplo, que 40% dos professores afirmaram já ter orientado seus alunos a como enfrentar problemas na Internet. Esses problemas podem ser bullyng, algum tipo de discriminação, assédio e disseminação de imagens sem consentimento.

Para preparar os alunos a enfrentarem essas questões, 76% dos coordenadores pedagógicos de escolas públicas e 96% de escolas particulares afirmaram que as instituições promoveram atividades de orientação para os alunos. Contudo, apenas 18% das escolas públicas e 41% das particulares realizaram palestras, debates ou cursos sobre o uso responsável da Internet nos últimos 12 meses.

Metodologia

A pesquisa foi realizada em escolas públicas, exceto as federais, e privadas, com turmas de 5º ano ou 9º ano do ensino fundamental, ou do 2º ano do ensino médio, numa amostra selecionada de 1.347 escolas. Dessas escolas, 957 foram selecionadas, sendo entrevistados 957 diretores, 884 coordenadores pedagógicos, 1.015 professores (de língua portuguesa, matemática e de anos iniciais do Ensino Fundamental), além de 10.866 alunos. As entrevistas foram presenciais a partir de questionário estruturado.