Na edição deste ano do Mobile World Congress, que acontece esta semana em Barcelona, o tema segurança teve destaque especial, com diversas palestras e grandes áreas nos estandes dos fornecedores com demonstrações de solução para proteção de dados e integridade das redes. A razão para essa aparente preocupação "adicional" decorre do desenvolvimento da Internet das Coisas. Para Simon Segars, CEO da AMR (empresa responsável pela arquitetura e projeto da maior parte dos processadores usados em dispositivos móveis), as vulnerabilidades e fragilidades tendem a crescer exponencialmente quando se fala de bilhões de dispositivos conectados. "O problema é que, quando se conecta as coisas, é preciso ter atenção redobrada com segurança. Precisamos pensar em segurança de forma diferente porque IoT é uma Internet diferente", diz ele. O executivo lembra ainda que em um ambiente de coisas conectadas,

Além da quantidade de dispositivos, o volume de informação trafegada e a sensibilidade das informações também expõem as pessoas a um risco adicional. "Informações sobre a sua saúde ou sobre suas atividades domésticas estão entre as mais sensíveis que se pode trabalhar", lembra. "Por sorte, a tecnologia está no começo e podemos agir de maneira correta desde o princípio. Muita coisa (em relação à segurança da informação) já está acontecendo. Não adianta deixar para ajustar depois". Para o executivo, é fundamental que a indústria trabalhe com padrões abertos e de maneira colaborativa para enfrentar as questões de segurança que a Internet das Coisas impõe. "Confiança tem a ver com segurança, e sem segurança não existe IoT", diz ele.

Como não podia deixar de ser, um dos temas explorados no evento foi a polêmica entre Apple e o governo dos EUA, em que o FBI pressiona a empresa para ajudar a quebrar o sistema de criptografia ou a permitir um desvio de configuração que dê acesso aos dados de um aparelho de um dos atiradores do massacre de Bernardino. Pavel Durov, CEO do aplicativo Telegram, de mensagens instantâneas, foi enfático ao defender a posição da Apple em favor da proteção dos dados criptografados, independente da natureza da informação. Já Anne Bouverot, CEO da Morpho e ex-diretora geral da GSMA, é preciso que se encontre um equilíbrio entre a conveniência e a segurança da informação.

Para o CEO da Cisco, Chuck Robbins, não existe resposta simples. "A criptografia é importante para os usuários. E não acredito que devamos colocar backdoor nos produtos que enfraqueçam a segurança. Mas é preciso haver um balanço entre o desejo de privacidade e a segurança nacional. Acho que não podemos olhar para essas questões como preto e branco. Temos que discutir com o governo", disse o CEO. Questionado se ele teria a mesma postura do CEO da Apple, Tim Cook, que se posicionou veementemente contra um acordo com o governo para ajudar na quebra da segurança do handset, Robbins disse que a situação seria diferente pois os equipamentos Cisco não armazenam informações. "Nossos produtos trafegam muita informação e os usuários que optam por criptografar fazem uma opção, mas não temos esses dados", disse ele.