O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge Nascimento, vê com preocupação a utilização de Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) para atrair data centers para o Brasil. Em conversa com Mobile Time nesta segunda-feira, 23, o representante do setor de eletroeletrônico vê receio na utilização dos insumos nacionais para atrair capital estrangeiro, mas que não trará benefícios ao país.

Feita via resolução do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) no começo de junho de forma independente da Política Nacional de Data Centers que ainda está em desenvolvimento, a aplicação de ZPEs para o segmento de data centers traz isenções de impostos (IPI, Pis-Cofins, Importação e AFRMM) na importação e aquisição de bens necessários para a instalação e operação de empresas no país.

Na visão de Nascimento, o governo precisa “valorizar a indústria nacional”, em especial os players que podem se beneficiar do avanço dos centros de dados localmente, como fabricantes de ar-condicionado de grande capacidade e de computadores.

Afirmou ainda que o setor eletroeletrônico é favorável à instalação de data centers por todo o Brasil, mas reforçou que não é viável reduzir imposto para trazer produto estrangeiro. O representante do setor vê os grandes provedores de data centers vindo ao Brasil e consumindo uma energia elétrica US$ 20 mais barata (US$ 36 contra US$ 56 por quilowatt consumido no exterior) para os centros de dados e exportando 80% de suas cargas de trabalho para o exterior, mas sem usar produtos nacionais.

China no Brasil

O representante do setor eletroeletrônico afirmou que tem conversado com marcas da indústria chinesa que estão manifestando o desejo de instalar fábricas no Brasil. Nascimento explicou que a chegada desses players pode acontecer de duas formas: com fabricação própria ou em parceria com players locais. Sobre os segmentos que esses players olham, o líder da indústria citou tablets, celulares, portáteis, linhas brancas e câmeras de segurança.

Os motivos para esses fabricantes virem para o Brasil é a necessidade de expandirem seus negócios, além da China. Ou seja, a necessidade de não colocar todos os ovos em uma única cesta. Antes da pandemia de 2020, a China concentrava grande parte dessa produção e exportava sem riscos de paradas na produção. Mas caso haja uma nova pandemia e aconteça um lockdown, a produção fabril para. Com o objetivo de evitar uma paralisação, os chineses buscam novos países para manter a manufatura de seus produtos.

Como efeito positivo, além da criação de empregos e produtos, Nascimento acredita que o movimento ajuda a revitalizar a indústria nacional com a chegada de técnicas e insumos de produção mais avançados e próximos da indústria 4.0.

Eletros e TV 3.0

Durante a abertura da Eletrolar Show 2025, Nascimento abordou ainda o desenvolvimento da DTV+ (antiga TV 3.0) no Brasil. Explicou que conversam com o governo via MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), mas falta diálogo com players da indústria de TV (leia-se emissores), em especial para definir um padrão tecnológico e uma cadeia de componentes que serão inseridos nas telas.

O diretor de políticas da Eletros, Thiago Rodrigues, afirmou que faltam especificações e testes de campo. Entre as barreiras tecnológicas, o especialista cita a necessidade de um sintonizador com antena MIMO que deve ser incorporado às TVs com os outros dois padrões existentes, analógico e digital.

Importante lembrar, o governo prepara um decreto da TV 3.0 para reduzir assimetrias e burocracias. A expectativa é que o documento seja liberado ainda este ano. Pelo lado das transmissoras, a Globo iniciou um teste em abril deste ano no Rio de Janeiro e prevê lançamento comercial para a capital fluminense e São Paulo em 2026 antes da Copa do Mundo.

Imagem principal: José Jorge Nascimento, presidente da Eletros (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

 

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