Enquanto as tecnologias de comunicação por proximidade, sobretudo a NFC (Near Field Communications), tentam ocupar um espaço no mundo das transações financeiras por celular, as tecnologias convencionais já têm espaço consolidado, principalmente em países em desenvolvimento. Serviços disponíveis mesmo em celulares comuns têm sido uma verdadeira revolução nesses mercados, segundo Franco Bernabè, presidente da GSM Association. Ele lembra que há hoje no mundo cerca de 2,5 bilhões de adultos que não têm acesso a celular – e, desses, 1 bilhão participa do sistema financeiro.

Por esse motivo, muitas operadoras ao redor do mundo estão investindo na criação, no desenvolvimento e na implantação de opções de pagamento móvel. A grande maioria delas está na África: lá, 35 países usam mobile money, que já é oferecido por 34% das operadoras na forma de pagamento de contas, transferência de dinheiro e opção para salários e benefícios do governo. Outros 22% das operadoras planejam lançar seus serviços em breve. Em um ano, entre junho de 2011 e junho de 2012, o número de usuários de sistemas de mobile money dobrou e passou os 12 milhões.

Esse movimento começou há cerca de cinco anos, quando a operadora Safaricom lançou o M-Pesa no Quênia. “Não sabíamos como fazer dar certo. Tivemos sorte de escolher as melhores opções”, conta Michael Joseph, diretor de Mobile Money da Vodafone. Ele era o CEO da Safaricom quando a empresa lançou o M-Pesa e explica que são necessários 3 a 4 anos para que se comece a ver algum retorno. “O valor por transação é muito baixo. É serviço de valor agregado, não exatamente uma fonte de renda para a operadora.”

Hoje, o M-Pesa está disponível em sete países e tem cerca de 15 milhões de usuários que realizam sete milhões de transações diariamente. Todos os meses US$ 1 milhão são movimentados dentro do sistema.

A medida do sucesso de uma operação como essa, segundo Joseph, não é o número de usuários, mas a quantidade de transações financeiras que eles fazem regularmente. Os números impressionam: em junho, foram processadas 186 milhões de operações e movimentados US$ 931 milhões. E, para incrementar esse sucesso, os usuários do M-Pesa agora poderão fazer transferências de dinheiro entre 35 países. “Ainda tem muito para ser adicionado. O mobile money permite ousar muito mais.”

As informações foram divulgadas no evento da GSMA NFC & Mobile Money Summit, que acontece esta semana em Milão e está sendo acompanhado in loco por este noticiário.