Em um ano em que precisou resolver com a justiça dos Estados Unidos investigações de corrupção, a Ericsson conseguiu encerrar dezembro com tendências positivas nas receitas, incluindo a reversão de prejuízo em lucro no trimestre e no acumulado de 2019. Conforme balanço financeiro da fornecedora sueca divulgado nesta sexta-feira, 24, o maior impacto dos imbróglios com a justiça foi no fluxo de caixa livre, que ficou negativo.

A Ericsson aumentou a receita em 4% no trimestre, totalizando 66,4 bilhões de coroas suecas (US$ 6,96 bilhões). No acumulado do ano, afirma ter avançado 8%, somando 227,2 bilhões de coroas suecas (US$ 23,80 bilhões). A empresa disse que isso reflete uma redução no desempenho na América do Norte (em especial devido a incertezas da fusão da Sprint e T-Mobile), que foi compensada com crescimento em outros mercados, especialmente Oriente Médio e Noroeste da Ásia.

De outubro a dezembro, o lucro operacional foi de 6,1 bilhões de coroas suecas (US$ 640 milhões), revertendo o prejuízo de 1,9 bilhão (US$ 200 milhões) registrado em igual período de 2018. No acumulado dos 12 meses, a fornecedora somou 10,6 bilhões de coroas (US$ 1,11 bilhão), contra 1,2 bilhões (US$ 130 milhões) no ano anterior.

O lucro líquido no trimestre foi de 4,5 bilhões de coroas (US$ 470 milhões), revertendo um prejuízo de 6,5 bilhões no ano anterior (US$ 680 milhões). Da mesma forma, o acumulado do ano ainda manteve um resultado positivo, com lucro de 1,8 bilhão de coroas suecas (US$ 190 milhões), contra prejuízo de 6,3 bilhões (US$ 660 milhões) em 2018.

Porém, a Ericsson encerrou o último trimestre de 2019 com um fluxo de caixa (excluindo fusões e aquisições) negativo em 1,9 bilhão de coroas suecas (US$ 200 milhões), frente a um resultado positivo de 3 bilhões (US$ 310 milhões) no comparativo anual. No acumulado de 12 meses, o fluxo de caixa livre foi positivo em 7,6 bilhões de coroas suecas (US$ 800 milhões), aumento de 79%.

A justificativa para o resultado no trimestre foi por conta do pagamento de 10,1 bilhões de coroas (US$ 1,06 bilhão) relacionados à resolução das investigações de corrupção da comissão de valores norte-americanas, a Securities Exchange Commission (SEC), e do Departamento de Justiça (DoJ)  dos Estados Unidos. Em comunicado, o presidente e CEO da Ericsson, Börje Ekholm, disse que o caso com a justiça norte-americana foi um “sério baque” no histórico da empresa sueca.

“Os eventos descritos na resolução são totalmente inaceitáveis. Entretanto, a resolução representa um importante passo para a Ericsson”, declara, citando o foco em reforçar a equipe para garantir as adequações, com mudanças no time de Ética e Compliance, e fortalecendo a gestão com terceiros e controles internos. “Este trabalho não vai parar: nossa política de tolerância zero requer constante supervisão e renovação, e estamos confiantes de que estamos no caminhos certo”. Para ganhar de volta a confiança do acionista, o conselho de administração da Ericsson vai propor na próxima assembleia o pagamento de dividendos a 1,50 coroa sueca (US$ 0,16) por ação.

Ekholm ressaltou ainda que o desempenho da companhia é uma recompensa pela estratégia focada e investimentos em P&D, aliados à eficiência operacional, e concluindo que isso a coloca no caminho das metas para 2020 e 2022. Atualmente, a fornecedora tem 78 acordos comerciais de 5G com operadoras únicas e 24 redes comerciais 5G em quatro continentes. O executivo afirmou ainda que vê um ritmo forte no mercado por conta da quinta geração, com crescimento de vendas em Packet Core e OSS.