Minds

Marcelo Peixoto é CEO da Minds Digital. Foto: divulgação

Atualmente, a Minds Digital é uma empresa especializada em biometria de voz e oferece soluções em nuvem. Com base em São Paulo, escritório em Belo Horizonte e atuação também nos Estados Unidos, a companhia recebeu dois anos atrás o desafio de autenticar por voz os clientes do banco BMG para a prevenção de fraudes. Desafio aceito, a empresa utilizou uma solução que ainda não estava totalmente pronta para ser escalada. Ao longo desse período, foram autenticados mais de 2 milhões de clientes por voz e sua acurácia é de 97%.

Até então a empresa era uma body shop – ou seja, que auxiliava seus clientes na transformação digital. Com a chegada do BMG e o sucesso do algoritmo – que se provou escalável –, a Minds mantém a body shop, mas transfere seu core business para o reconhecimento do cliente por meio da voz.

“Era uma solução que não estava 100% empacotada, mas conseguimos finalizar o case. Já estamos chegando a 3 milhões de clientes autenticados por voz. E, além de biometria, tem a parte de inteligência, já que integramos a plataforma com o CRM e o desk de atendimento do banco”, diz Marcelo Peixoto, CEO da Minds, em conversa recente com Mobile Time.

“2021, foi um ano estrutural. Escutamos o mercado, entendemos a plataforma e do que ela é capaz de fazer, e nos preparamos. Trouxemos pessoas e agora é o ano que vamos escalar o produto fortemente no mercado”, completa.

A plataforma aprende a cada dia o comportamento vocal do cliente e é capaz de identificar seu modus operandi. Não à toa, o algoritmo já desvendou duas quadrilhas que atuavam no canal de atendimento do banco, explica Peixoto.

Outro ponto que o executivo destaca como diferencial da plataforma é o tempo de atendimento. Enquanto a identificação tradicional de um cliente leva de dois a cinco minutos, a biometria vocal reduz esse processo para até quatro segundos – levando em consideração a validação e a autenticação.

Como funciona

Da mesma forma que o reconhecimento facial identifica vários pontos da face, o de voz reconhece elementos particulares daquela pessoa. A voz é única e intransferível e pode ser usada como identidade. “O algoritmo gera um espectrograma da voz. É como se você tirasse uma foto da voz e gerasse uma imagem (gráfico). Mesmo rouco, fazendo o processo em um lugar barulhento, mesmo com falha na fala, o algoritmo identifica elementos únicos que a voz emite na hora da fala. São muitas camadas de segurança”, explica o CEO da Minds. “São pontos de segurança que saem do timbre. E quem conduz o processo é a inteligência artificial. A gente criou uma própria e no início do produto tivemos que ensinar ela a ouvir. Ela escuta e entende uma série de diferenças de várias vozes e hoje tem 97% de acurácia. É considerado o estado da arte”, resume Peixoto.

Vale dizer que a Minds é uma plataforma colaborativa. Ou seja, quanto mais clientes, mais a IA é aprimorada.

Próximos passos

O executivo espera aplicar seu algoritmo de reconhecimento de voz também em outras verticais, como Internet das Coisas. A ideia é acionar dispositivos por meio vocal. “Temos um planejamento de cinco anos para desenvolver a aplicabilidade da voz em outros segmentos e não somente em contact center e fraudes. Estamos olhando IoT e os assistentes virtuais, como Google Home e Alexa. Podemos nos integrar para fazer a autenticação por voz por meio deles”, explica. Peixoto também pensa em usar a plataforma em locais físicos.

O CEO da Minds conta que o algoritmo é capaz de entregar resultados logo nos primeiros 90 dias. “Conseguimos entregar ROI rapidamente. A cada R$ 1 que o cliente me paga, ele tem R$ 5 de retorno”, garante.

Atualmente quatro possíveis clientes estão testando a plataforma. “Eles devem começar a usar nosso produto em breve. Estamos empolgados”, diz Peixoto, que espera um incremento de 60% na carteira de clientes até o fim do ano e também um aumento semelhante no time de profissionais. Atualmente, a Minds possui 35 pessoas.

LGPD

A empresa não salva dados sensíveis – como o áudio da voz do cliente. A voz passa pela IA que gera o espectrograma, de modo que, se o áudio vazar, não é possível saber de quem é a voz. “Não é possível ‘desgerar’ o espectrograma”, conta.

Modelo de negócio

O modelo de negócio é em Software as a Service (SaaS) e 100% em nuvem, escalável e API first. Isso permite que qualquer tipo de empresa se conecte com a plataforma da Minds.

A companhia estima a implementação da plataforma em duas a três semanas e possui uma tabela padrão de cobrança por requisição. “Customizamos a tabela de acordo com o volume. Por exemplo, quando o banco (BMG) atende um cliente, gera uma requisição e já bate na nossa plataforma para o serviço ser cobrado”, explica.