A Telefônica/Vivo forneceu mais detalhes sobre o memorando de entendimento (MoU) celebrado com a TIM para compartilhamento de infraestrutura. Durante teleconferência de resultados nesta quarta-feira, 24, o CEO da Vivo, Christian Gebara, confirmou que a ideia é realmente expandir o acordo para outras tecnologias, até mesmo o 3G, mas também indicou um dos fundamentos da estratégia: otimizar operação para realocar recursos para novas tecnologias. Isso deve incluir não apenas o 5G, mas potencialmente o refarming de espectro 2G para ser utilizado no LTE-Advanced.

O compartilhamento total de rede em uma tecnologia legada como o 2G servirá basicamente para otimizar e liberar recursos, explicou Gebara. “A ideia é trabalhar para um Single Grid para que possamos dividir a cobertura e dar metade do País para cada uma, podendo usar os recursos para outras tecnologias como 3G ou 4G”, declarou ele. O plano será de começar essa estratégia fora das capitais em caráter de testes. Conforme os resultados se mostrarem positivos, isso seria expandido.

Liberar espectro em 2G é importante especialmente por conta da faixa de 1.800 MHz. Ambas as operadoras já praticam o refarming com esse espectro, realocando para a agregação de portadoras no LTE-Advanced. Com o compartilhamento, as empresas podem otimizar o uso dessas frequências. Além disso, deixa o mercado mais próximo de um eventual desligamento da tecnologia GSM, já obsoleta, mas ainda com 20,8 milhões de acessos no País. “O MoU com a TIM também traz a habilidade de poder investir em mais cidades e em outras tecnologias de alta velocidade”, declarou o executivo.

Outro aspecto do acordo é o compartilhamento em 700 MHz. Desta vez, seria mais direto: as empresas primeiro implantarão em cidades com menos de 30 mil habitantes. Conforme o desempenho da estratégia fosse analisado, as operadoras poderiam expandir o acordo. “Depende dos resultados, mas estamos positivos de que isso pode funcionar. Temos 90 dias para concluir o plano e ainda precisamos de aprovação [do Cade e da Anatel], mas no curto prazo vamos poder ter impacto no Capex e na cobertura”, analisou Gebara.

As tecnologias 2G e 4G serão o primeiro passo. O MoU prevê a inclusão de novas tecnologias e mesmo novas frequências, o que foi confirmado pelo executivo agora. Perguntado na teleconferência com analistas de mercado se isso poderia ser feito também com 3G, Gebara respondeu: “A questão era priorizar essas tecnologias, mas claro que vamos considerar fazer tudo”.

Para o 5G, a questão também passa por otimização de capital para se preparar para os futuros investimentos do leilão, previsto para o fim do primeiro trimestre de 2020. “Em março deverá ter muito investimento, porque terá a faixa de 700 MHz, além do 3,5 GHz [entre outras]. O que temos feito agora é nos preparar na questão da capacidade: colocamos o máximo possível de fibra nos sites”, destaca. Segundo o executivo, o guidance de R$ 26,5 bilhões para o triênio 2018-2020 anunciado no ano passado em abril (adicionando R$ 2,5 bi ao valor inicial divulgado um mês antes) está mantido.

Lições

A TIM e a Vivo já tinham acordo de compartilhamento em 4G tripartite com a Oi, mas com a faixa de 2,5 GHz. Christian Gebara explica que essa parceria, assinada em 2015, era diferente e mais limitada. “Tínhamos 20 + 20 MHz, e eles tiveram que unir [a capacidade] deles, então era muito complexo e limitado”, afirma. A companhia dividia infraestrutura com as outras duas operadoras, que já praticavam o RAN Sharing na faixa entre si. Mas o executivo diz que a Vivo implantou 1,3 mil sites, enquanto as outras incluíram cerca de 660 sites por ter capacidade de 10 + 10 MHz. “Não acho que serve como benchmark para a gente.”

O novo acordo, por sua vez, tem um escopo maior. “Achamos que o que temos agora com a TIM é mais agressivo, porque tem mais cidades e mais sites”, declara o CEO da Vivo. Além da parceria vigente em 4G, TIM e Vivo já compartilham infraestrutura em 3G, em um acordo de roaming celebrado em outubro do ano passado.