Em novembro, o mercado brasileiro viverá pela primeira vez em sua história um grande saldão de smartphones envolvendo simultaneamente vários dos grandes fabricantes e varejistas de eletroeletrônicos no País. Informalmente, o período está sendo chamado de "black november", uma espécie de "black friday" estendida para o mês inteiro. O objetivo é aproveitar ao máximo as últimas semanas de validade dos benefícios da Lei do Bem, com alíquota zero de PIS e Cofins para smartphones 3G com preço de ponta de até R$ 1,5 mil. A partir de 1º de dezembro o benefício será suspenso e todos os produtos que se enquadram na Lei do bem terão um aumento de preço automático de aproximadamente 10%.

Uma fonte de um grande fabricante compara a ação àquela feita pela indústria automobilística  às vésperas do fim do IPI zero para carros. À época, várias montadoras e concessionárias divulgaram comerciais na TV sobre os últimos dias do benefício fiscal. "O problema é que a Lei do Bem não é tão conhecida pelo consumidor. Ela entrou em vigor de forma meio silenciosa. Não sabemos ainda como vamos explicar isso ao público. No caso do IPI de carro era mais fácil", comenta o executivo. A intenção é zerar os estoques até o fim de novembro e começar dezembro com tudo novo.

O mercado espera que o mês de novembro ajude a minimizar as quedas nas vendas de smartphones projetadas para este ano, que deve ser o primeiro a registrar uma redução na história desse produto no Brasil. Além do fim da desoneração, a alta do dólar e a cautela do consumidor por conta da conjuntura econômica também atrapalham as vendas. Boa parte dos insumos dos smartphones são importados e, logo, diretamente afetados pelo câmbio.

Ainda há esforços por parte de associações setoriais que representam os fabricantes e as operadoras, como Abinee e SindiTelebrasil, de convencer o governo a voltar atrás e não acabar com a Lei do Bem. Todavia, há pouca esperança de se obter sucesso.

Por todos esses fatores, o prognóstico para o Natal é de queda nas vendas. E o primeiro trimestre de 2016 será pior ainda, pois sofrerá ainda com a questão sazonal: os três primeiros meses do ano são tradicionalmente os piores para vendas de smartphones.

Projeções

No segundo trimestre, de acordo com a IDC, as vendas de smartphones no Brasil caíram 13% em comparação com o mesmo período do ano passado: foram comercializadas 11,3 milhões de unidades entre abril e junho. Em sua última previsão divulgada, a IDC estima que serão vendidos 50 milhões de smartphones no País no ano todo, o que representará uma queda de 8,3% em relação a 2014. A previsão, contudo, fora feita antes de o dólar chegar a R$ 4.