| Publicada no Teletime | Após reportar resultados de 2021 com alta nas receitas, mas queda no lucro e na rentabilidade, a Brisanet defendeu que a avaliação da operadora pelo mercado desde o IPO não está refletindo o real valor da companhia.

Durante teleconferência sobre o balanço financeiro nesta sexta-feira, 25, o CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira, afirmou que o desencontro passa por uma avaliação negativa dos planos da empresa no mercado móvel após participação no leilão do 5G.

“Estamos preocupados sim com o valor das ações, [que caíram] de R$ 14 para R$ 3,5. Entendemos que os R$ 1,7 bilhão que estamos valorizados não condizem com o que construímos”, afirmou o CEO. “Nós acertamos, mas fomos punidos pelo mercado por ter adquirido o 5G. Durante o processo de IPO, deixamos bem claro que iríamos comprar. O mercado avalia que montar o 5G é desafiador, mas […] não temos dúvida de que seremos bem-sucedidos”.

Segundo Nogueira, a construção de redes de fibra óptica FTTH no interior do Nordeste, iniciada em 2011, também era considerada impossível de dar retorno. “Hoje, só de infraestrutura a Brisanet vale R$ 5 bilhões”, argumentou o CEO, colocando na conta as cerca de 6 milhões de casas cobertas com fibra óptica (HPs) do grupo (considerando a Agility) e backbone de 20 mil km.

A operadora também reporta 1,1 milhão de clientes de banda larga, 200 mini data centers no formato edge e os 130 MHz de espectro adquiridos no leilão de 5G (em 3,5 GHz no Nordeste e Centro-Oeste e 2,3 GHz no Nordeste). “Não vai ter mais leilão desse porte de espectro nobre”, apontou o CEO, ao defender a estratégia da operadora.

Em 2021, a primeira parcela da aquisição exigiu R$ 8,4 milhões; em dinheiro, a Brisanet pagará R$ 168 milhões em 20 anos, fora os compromissos de investimento. “São R$ 168 milhões em 20 anos, com o valor mais expressivo de R$ 1 bilhão voltado para compromissos entre 2026 e 2030. Muita coisa é backhaul que já temos”, afirmou Nogueira, durante a teleconferência.

Projetos

A expectativa da Brisanet é anunciar pilotos 5G nos próximos meses e iniciar a oferta comercial em 2023, absorvendo market share com o passar dos anos.

“Existem 55 milhões de celulares na região. Até 2027/28, isso deve ultrapassar os 60 milhões. Nós queremos foco em share nas cidades pequenas; sendo conservador vamos estar entre 18% e 23% do share do Nordeste, com margem Ebitda entre 35% e 40% em 2027”, projetou Nogueira.

A Brisanet ainda aposta em mudanças no perfil de consumo do usuário, motivadas pelo serviço mais robusto entregue com o 5G. Para a operadora, o tíquete médio do segmento vai crescer como reflexo da melhoria, eliminando pacotes pré-pagos ou controle entre R$ 15 e R$ 30 praticados atualmente.

Contexto

Desde a estreia na B3, a Brisanet perdeu 74% do valor de mercado, superando baixas de outros provedores regionais também listados em julho passado (nesta sexta-feira, Unifique e Desktop tinham desvalorizações na casa dos 30% desde a entrada na bolsa).

Além da aversão ao risco que afetou papéis com baixa liquidez a partir do segundo semestre, a empresa cearense também teve recuo nas margens. Em 2021, o indicador em termos ajustados ficou em 37%, ante 44% em 2020. Se considerado apenas o quarto trimestre, a margem Ebitda da companhia ficou em 33,5%. Segundo a operadora, a expansão acelerada de infraestrutura é a principal causa de pressão sobre os números.