O descontentamento do brasileiro com o recebimento de ligações telefônicas inesperadas está aumentando, indica nova pesquisa feita por Mobile Time e Opinion Box. Entre novembro do ano passado e março deste ano, caiu seis pontos percentuais, de 51% para 45%, a proporção de brasileiros que afirmam não se incomodar em receber chamadas sem serem avisados. No mesmo intervalo de tempo, subiu de 26% para 30% o grupo que prefere sempre ser avisado antes através de mensagem de texto. E aumentou de 23% para 25% a proporção dos que não se incomodam com ligações inesperadas quando feitas por pessoas próximas, como familiares e amigos.

Esse incômodo faz com que as pessoas mudem também seus hábitos ao realizarem ligações. 25% dizem que sempre perguntam antes por mensagem se podem ligar, mesmo que seja para pessoas próximas (+1 pp). 38% perguntam antes por mensagem quando vão ligar para alguém do qual não é próximo (+2 pp). E 37% sempre ligam sem perguntar antes (-3 pp).

A nova onda da pesquisa foi realizada entre 13 e 23 de março de 2024 com 2.033 brasileiros que possuem smartphone, respeitando as proporções por gênero, faixa etária, renda familiar mensal e distribuição geográfica entre as regiões do País. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

Análise

O que se observa aqui é uma mudança da etiqueta no uso do telefone celular. Com o avanço do WhatsApp, o brasileiro se acostumou com a comunicação assíncrona, em que lê e responde as mensagens quando pode. Ligar sem avisar antecipadamente começa a ser compreendido como falta de educação, pois perturba a outra pessoa ao interrompê-la no que estiver fazendo.

Também contribui para essa mudança de hábito a grande quantidade de chamadas indesejadas de telemarketing ativo ou robocalls, isso sem falar nas tentativas de fraude. Anatel e operadoras estão tentando combater o problema com iniciativas como Não Me Perturbe, Stir/Shaken e prefixos específicos, como 0303.

Fazer uma chamada sem avisar antes está se tornando um comportamento cada vez mais restrito a pessoas próximas, em um sinal de intimidade… ou em casos de emergência.