Ilustração: Cecília Marins

O projeto Campo Conectado, coordenado pela PUC-Rio, está combinando diversas tecnologias de rede, como NB-IoT, Wi-Fi, LoRa e satélites, para levar conectividade à agricultura brasileira. Com orçamento de R$ 5,8 milhões, metade dos quais bancados pelo BNDES e a outra metade por parceiros privados, a iniciativa inclui também o desenvolvimento de uma plataforma de IoT para coleta e análise de dados nas fazendas participantes.

As primeiras experiências estão sendo feitas em Santiago do Norte/MT, na fazenda Macuco, que produz culturas como soja, milho e feijão. Foi instalada uma estação meteorológica e diversos sensores para medir propriedades do solo, todos conectados a uma rede Wi-Fi, cujos pontos de acesso estão ligados a um provedor local de Internet. Na mesma fazenda foi implementada uma rede LoRA da American Tower, conectada via satélite à Internet, para envio de dados de umidade do solo. E foi montada uma rede móvel dedicada com tecnologia NB-IoT da Arqia/Datora para a medição da qualidade e da vazão da água para a irrigação da área.

“Nosso primeiro grande desafio foi cuidar da integração entre as tecnologias. O projeto é agnóstico em termos de tecnologia”, comenta Marlene Pontes, coordenadora do projeto e professora do Centro de Estudos em Telecomunicações (Cetuc), da PUC-Rio, em entrevista para Mobile Time.

As próximas fazendas a receberem a iniciativa estão localizadas em Holambra/SP e Itiquira/MT, cada uma com características diferentes. Em Holambra são duas fazendas que produzem grãos em geral e que possuem maquinário pronto para ser conectado, mas falta a rede. Neste caso, será usada uma rede dedicada NB-IoT da TIM. E em Itiquira a mesma tecnologia será adotada para conectar os pluviômetros instalados nos talhões.

Plataforma

Todos os dados coletados pelos dispositivos implementados pelo projeto Campo Conectado são recebidos em uma plataforma única desenvolvida pela PUC-Rio. Cada fazenda tem acesso aos seus próprios dados na plataforma – a ideia é que as informações embasem a tomada de decisão dos agricultores.

“Cada dado vinha de um jeito. Desenvolvemos uma plataforma única para os três projetos. Trabalhamos com os produtores para definir como entregar a informação, que serve de apoio à tomada de decisão. Fazemos a análise dos dados e devolvemos as informações para os produtores”, explica Marta Pudwell, pesquisadora que atua no projeto.

Um dos objetivos do Campo Conectado é fomentar a construção de um ecossistema de IoT no Brasil para a agricultura. Ao integrar diferentes tecnologias, a plataforma desenvolvida contribui nesse sentido, apontam a professora e a pesquisadora. Essa plataforma poderá futuramente virar um produto e ser oferecida ao mercado.

No Campo Conectado, o Cetuc conta com os apoios do Laboratório de Engenharia de Software e do Núcleo Interdisciplinar de Meio-Ambiente (Nima), ambos da PUC-Rio, além de diversos parceiros privados.

MPN Fórum

A professora Marlene Pontes apresentará o case do Campo Conectado na segunda edição do MPN Fórum, evento sobre o mercado de redes privativas móveis que Mobile Time organiza. Sua nova edição acontecerá no dia 29 de novembro, no WTC, em São Paulo.