Da esq.: Flavio Ferreira, diretor de parcerias de Android para a América Latina; José Cardoso, presidente da Motorola, Norberto Maraschin, vice-presidente de mobilidade da Positivo, e Bruno Parizotto, product manager do iFood

Após um período de diversos resultados financeiros adversos, mudança de fábrica e da estratégia em seus dispositivos, a Positivo chega a um momento de “menor pressão financeira” e maior “liberdade de inovação”, segundo Norberto Maraschin, vice-presidente de mobilidade na fabricante nacional.

“Conseguimos encontrar o nosso espaço no mobile. Não dá para competir com as grandes marcas (vide Samsung e Motorola)”, disse o VP. “Nós fizemos uma racionalização do portfólio e passamos a focar em Android GO (sistema operacional para dispositivos mais baratos e com até 1 GB de RAM) e smartphones intermediários”.

Em conversa com Mobile Time durante o evento de comemoração dos 10 anos do Android no Brasil nesta terça-feira, 26, o executivo revelou que o momento de lucratividade traz um novo paradigma à empresa para investir mais em inovação. Com isso, a empresa fechou um contrato para fornecer 164,4 mil smartphones ao Censo, o uso da marca Quantum para vender máquinas de pagamento da Cielo e vem apostando em novas soluções para casa Conectada.

Vale lembrar, a Positivo passou por um momento de difícil. A companhia teve um aumento da dívida após migrar sua operação do Paraná para a Zona Franca de Manaus e registrou prejuízos em dois trimestres consecutivos entre o final de 2018 e o começo de 2019.

Maturidade

Contudo, o executivo alerta para um cenário diferente para 2020, em especial no segmento móvel: “Acreditamos que ano que vem terá uma tendência mais similar ao global. De maturidade de mercado e retração nas vendas e na receita. Em 2019, tivemos o recuo nas vendas, mas o tíquete médio aumentou e o volume de receita cresceu. O smartphone é um mercado maduro hoje”.

Por isso, a Positivo aposta em voltar a crescer no segmento de PCs, uma vez que a empresa estima que mais de 35 milhões de computadores ativos no País tenham mais de oito anos de idade: “Nós acreditamos que o PIB brasileiro ficará entre 2% a 3% em 2020, isso trará o consumo dos PCs de volta. E, com isso, podemos voltar crescer neste setor. Nós caímos de 15 milhões de vendas anuais de PCs para 5 milhões. Parte disso é a troca do PC pelo mobile, mas ainda há espaço para os computadores”.

KaiOS

Se a Positivo acredita que os smartphones devem ter recuo de vendas e de receita em 2020, a companhia têm outras apostas que podem fazê-la decolar no próximo ano. Uma delas é o KaiOS, o smart feature phone que está no começo de sua jornada no Brasil. Maraschin revelou que a companhia fechou parceria com três operadoras para vender o modelo 4G do dispositivo.

Atualmente em processo de homologação na Anatel, os celulares da Positivo com KaiOS 4G devem chegar ao mercado até o primeiro trimestre de 2020.

Por trás da parceria com a fabricante, as operadoras de telefonia pretendem comercializar os handsets para posteriormente desligar a rede 2G. Estima-se que o Brasil possui 20 milhões de feature phones ativos, sendo que 6% a 7% do total de vendas de celulares é deste segmento, segundo a IDC.

Maraschin disse que começou a vender os dispositivos no Paraguai com 3G. Questionada sobre o potencial para levar ao mercado internacional, ele explica que vê potencial de vendas para Chile, Argentina, Paraguai e África. Vale destacar, a Positivo tem duas fábricas no continente africano.

IoT

Outra investida da companhia que começou neste ano são os produtos para casa inteligente. Sem poder revelar os números atuais de vendas, o VP da Positivo disse que houve boa receptividade nas vendas. Com isso, a empresa triplicará a quantidade de equipamentos (SKUs) para o comércio em 2020.

Entre os equipamentos já confirmados estão: porteiro eletrônico para o primeiro trimestre de 2020, miolo de porta conectado (para o consumidor não ter que trocar toda a fechadura) para o segundo trimestre, além de novos equipamentos de iluminação no primeiro trimestre.