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Crédito: divulgação

Projetos de redes celulares privativas (RCPs) demandam não apenas conhecimento sobre tecnologia móvel, mas também sobre o setor econômico a ser atendido. Uma tendência natural é que surjam integradores especializados em determinados nichos. Um dos primeiros exemplos no Brasil é o da Geostats, que se especializou em projetos para o setor de mineração. Desde 2023, quando tomou a decisão de focar nessa vertical, acumula 25 estações rádio-base (ERBs) 4G instaladas em 22 minas, somando 4 mil usuários conectados, dos quais 50% são mineradores com tablets e 50%, máquinas.

“Não temos vergonha em dizer que somos uma empresa de nicho.   A mineração é o terceiro setor com maior contribuição para o PIB do Brasil. E vai ganhar ainda mais importância com as terras raras”, diz o COO da Geostats, Valter Sousa, em conversa com Mobile Time.

Há cerca de 10 mil minas no Brasil. O mercado é dividido em três tipos de mineradoras, de acordo com seu porte: as majors, as de porte médio (mid-tier) e as juniors. A Geostats concentra seu foco naquelas de porte médio.

Para baratear os projetos, a empresa adota um modelo de conectividade como serviço. A Geostats cuida de toda a implementação, desde o planejamento e a compra dos equipamentos, até a instalação e a operação. Assim, em vez de Capex, o custo da conectividade 4G entra como Opex para as mineradoras. O prazo mínimo de contrato é de 12 meses. Acaba saindo muito mais barato do que os projetos de RCPs feitos para mineradoras majors, que preferem ser as donas das redes.

A língua das mineradoras

Um dos diferenciais de um integrador especializado é entender do negócio do cliente e falar a língua dele.

“Queremos que a mineradora se preocupe em mover terra e produzir minério. A conectividade a Geostats resolve. Para isso, falamos o idioma das mineradoras”, diz o COO.

A Geostats primeiro analisa o planejamento de cada mina, para depois desenhar a rede celular privativa que vai atendê-la. Dependendo do tipo de mina, a arquitetura e os equipamentos da RCP variam completamente. A maioria são minas a céu aberto, com mineração de bancada, de cava ou em tiras. E há também minas subterrâneas, embora ainda sejam poucas no Brasil. Nestas últimas, são usados cabos irradiantes em vez de antenas para levar o sinal celular.

“A mina é um ambiente hostil, com critérios de segurança elevados. Você trabalha em um espaço confinado, com gases tóxicos o tempo todo, ambiente insalubre, úmido, sem iluminação. São necessários vários sistemas pra manter você vivo debaixo da terra”, descreve Sousa.

O conhecimento sobre mineração permite que a Geostats seja ágil na instalação da RCP, o que acontece em cerca de dois meses, enquanto grandes operadoras podem levar seis meses ou mais, afirma o executivo.

Se a mina está localizada em uma região sem energia, ela também leva uma fonte renovável, geralmente painéis solares, para a operação da RCP. As ERBs são fornecidas por Baicells, Sunwave e Nokia. Nas antenas, a Geostats dá preferência pelos fabricantes brasileiros Ideal Antenas e Algcom. Para o core trabalha com Sparz ou Baicells.

Geostats prevê 5G para tele-operação

Conforme as mineradoras de porte médio automatizam suas operações, naturalmente surge a necessidade de conectividade 5G, com maior velocidade e menor latência que o 4G, o que é necessário para determinadas aplicações, como tele-operação de caminhões e máquinas.

“Imagine um caminhão autônomo com carga de 400 toneladas que precisa ser freado de repente? Alguns milissegundos a mais de latência significam alguns metros antes de parar”, exemplifica.

Preparando-se para a demanda por 5G, a Geostats está negociando duas parceiras com empresas de tele-operação.

“Entendemos que a conectividade é o meio para as mineradoras terem sistemas em tempo real de gestão de frota, de monitoramento de fadiga, de rastreabilidade de pessoas e veículos etc. Estamos nos associando cada vez mais com empresas que têm essas soluções. Aí a conectividade irá embarcada”, conclui Sousa.

Mineração no Mapa de RCPs e próximo MPN

De acordo com o Mapa de Redes Celulares Privativas no Brasil 2025, produzido por Mobile Time, existiam 37 RCPs no setor de mineração até agosto deste ano, sobre um total de 477. O setor com a maior quantidade é o da agropecuária, com 140 RCPs mapeadas.

A 6ª edição do MPN Fórum, seminário dedicado ao mercado de redes celulares privativas no Brasil, já tem data para acontecer: será dia 16 de junho de 2026, no WTC, em São Paulo. Veja aqui como foi a edição deste ano.

 

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