Os sistemas de gerenciamento de espectro dinâmico (DSMS, na sigla em inglês) representam uma terceira via na gestão de frequências, comentou Michael Calabrese, diretor do Wireless Future Project, do New Americas Open Technology Institute, durante sua participação no Dynamic Spectrum Alliance (DSA) Global Summit, nesta segunda-feira, 27, no Rio de Janeiro.

Tradicionalmente, reguladores de telecomunicações ao redor do mundo dividem as faixas de frequência entre aquelas que demandam uma licença para serem utilizadas (como as faixas de telefonia móvel) e aquelas que dispensam licenças (como aquelas usadas pelo Wi-Fi). Com DSMS, é possível combinar as duas coisas: a proposta neste caso é proteger os serviços de uso prioritário de uma determinada faixa, mas aproveitá-la para outros serviços quando estiverem ociosas.

“O DSMS permite uma terceira via que transcende a dicotomia tradicional entre espectro licenciado e não-licenciado, com bandas exclusivas de um ou de outro”, comparou Calabrese.

Um dos exemplos mais bem-sucedidos no mundo de gerenciamento de espectro dinâmico é aquele na faixa de 3,5 GHz nos EUA, conhecida como CBRS. O uso prioritário é para radares da Marinha norte-americana e enlaces de satélites em banda C. Em segundo lugar, vêm a utilização por empresas que compraram um bloco de 70 MHz nesta faixa. E, por último, vem o GAA (General Authorized Access), ou seja, uma utilização liberada para qualquer um, desde que o equipamento e o projeto sejam devidamente registrados. Desde 2015, quando foi lançado o CBRS, mais de 300 mil autorizações de GAA foram concedidas, muitas delas para redes privativas móveis. Para evitar a interferência sobre o serviço da Marinha, há uma solução chamada CBRS Spectrum Access System (SAS) que coordena quando e onde a faixa pode ser utilizada.

AFC

O próximo projeto de gerenciamento dinâmico de espectro nos EUA será na faixa de 6 GHz para Wi-Fi outdoor em potência padrão. Para evitar a interferência sobre rádios micro-ondas e satélites de banda C, será necessário que os equipamentos Wi-Fi se comuniquem com um sistema de coordenação automática de frequências (AFC, na sigla em inglês). Os testes acontecerão ao longo deste ano.

Calabrese listou diversos benefícios para os reguladores e para a sociedade da adoção de DSMS, como por exemplo:

. Proteção das incumbents contra interferência;

. Entrega de dados em tempo real para os reguladores;

. Obrigatoriedade de registro de equipamentos;

. Monitoramento do uso do espectro;

. Uso mais eficiente do espectro;

. Aumento da competição;

. Redução do custo de conectividade para o usuário final.

Além dos EUA, Canadá, Brasil e Arábia Saudita planejam a adoção de AFC para liberar a faixa de 6 GHz para uso outdoor.