O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estuda a possibilidade de transmitir as informações coletadas por seus pesquisadores nas ruas via dispositivos móveis a partir de 2013. Isso vai requerer a aquisição de novos equipamentos, já que os 150 mil smartphones comprados para o censo 2010 não têm conectividade 3G. A decisão depende de viabilidade orçamentária, ressalta o diretor de informática do IBGE, José Sant´Anna Bevilaqua. Se a ideia for aprovada, a rede 3G poderá ser usada para enviar dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) contínua, que substituirá a PNAD anual a partir de 2013. Outros grandes projetos como a próxima contagem populacional, prevista para 2015, e o censo agropecuário de 2016 também seriam beneficiados. O próximo censo será apenas em 2020.

No censo 2010, os recenseadores portavam smartphones LG GM750, com Windows Mobile 6.5. As 150 mil unidades foram adquiridas a um custo total de R$ 83 milhões, que incluía um case protetor de silicone e a entrega nas principais capitais. Na época, optou-se por comprar esses terminais sem a conectividade 3G para evitar a atratividade ao roubo. A estratégia funcionou: apenas 0,5% do total foi perdido. Na prática, portanto, esses smartphones serviram como PDAs. Os recenseadores incluíam as informações neles, usando aplicativos desenvolvidos pelo próprio instituto, e depois transferiam os dados para computadores ou notebooks em postos do IBGE. Ao todo eram 7 mil postos espalhados pelo País para dar apoio ao censo. De lá, os dados eram enviados por banda larga para os servidores da entidade. A tecnologia de banda larga variava de acordo com a localização. Foram usadas 4 mil conexões ADSL, 3,8 mil modems 3G, 1 mil conexões de rádio, 140 antenas Vsat e 40 antenas Bgan. Houve até casos em que foi preciso usar emprestada a Internet de estabelecimentos comerciais vizinhos. "Foram 350 puxadinhos", recorda Bevilaqua.

Se novos dispositivos móveis forem mesmo comprados em 2013, o recenseador poderá transmitir os dados direto da rua, sem precisar passar pelo posto do IBGE. Bevilaqua descarta o uso de tablets por enquanto. "O tablet é o equipamento dos sonhos, mas tem o problema da atratividade ao roubo. Não podemos expor os pesquisadores", explica o diretor de informática do IBGE. Ou seja, a preferência ainda é por smarphones, mas isso pode mudar no futuro, com a popularização dos tablets.

Histórico

O último censo em que o IBGE utilizou formulários de papel foi em 2000. Naquele ano, a coleta de dados levou cinco meses para ser concluída. Os formulários foram digitalizados usando tecnologia OCR. Depois disso, o IBGE adotou PDAs. 70 mil unidades de um modelo da Mio ainda foram usadas no censo de 2010, simultaneamente aos smartphones da LG.

Os smartphones comprados para o censo 2010 agora são usados em outras pesquisas de menor porte, como a PNAD. Também são emprestados para países vizinhos: Paraguai e Uruguai receberam este ano 12 mil e 10 mil unidades, respectivamente, para a realização de seus censos nacionais.