Andy Penn, CEO da Telstra

O desenvolvimento do metaverso será uma das grandes tecnologias da humanidade e da tecnologia na próxima década, mas dependerá firmemente das empresas de telecomunicações, em especial de suas redes. Essa foi a visão apresentada por Andy Penn, CEO da Telstra, na manhã desta segunda-feira, 28, durante um dos painéis que abriu a MWC em Barcelona, Espanha.

“Muitos players do setor de tecnologia estão ocupados em desenhar visões de um mundo em inteligência artificial e realidade virtual, em um metaverso que é mais abrangente e profundo do que tudo que vimos antes. A visão de competição que temos para este mundo virtual vai levar anos para ser concretizada e dependerá de hardware que ainda não está disponível. Será necessária uma rede de alta qualidade e baixa latência”, disse o executivo.

O metaverso é uma das cinco tendências que o executivo projeta para a próxima década ao lado de: automação e robótica; avanço em tecnologia de ponta para telecomunicações; trabalho híbrido; e proteção em cibersegurança. Penn afirma que são tendências que vão moldar o mundo e a área de telecomunicações neo futuro próximo.

“Para nós, o plano T22 (plano de expansão e digitalização da Telstra que começou em 2018 e custou inicialmente US$ 3 bilhões) era uma forma de garantir que nós tínhamos a plataforma para prover capacidade e demandas de latência através de nossas redes e TI. Nós ainda apresentamos grandes investimentos no backbone de fibra para suportar isso”, explicou. “Mas também precisaremos desenvolver novas habilidades e capacidades. Fizemos uma parceria com a Quantium, uma das principais empresas de inteligência artificial do mundo, e investimentos em computação quântica à base de silício, que é uma das formas principais  de conseguir oportunidades comerciais reais em computação quântica”, concluiu.

Tendências

Em automação e robótica, Penn afirma: “se o metaverso é sobre o mundo virtual, automação e robótica é sobre digitalizar o mundo físico. E para digitalizar o mundo físico, você precisa acelerar a adoção de sensores, seja em manufatura, agricultura ou logística”.  Dito isso, o executivo afirmou que a operadora australiana tem a aspiração de ser um dos principais players do mercado de IoT até 2025. Para isso a empresa avança em uma parceria com Intelihub para oferecer medição elétrica inteligente aos seus clientes.

Outra tendência citada pelo CEO é em tecnologia de telecomunicações e inovação. Neste caso, a operadora australiana estabeleceu uma parceria com a Viasat para construir a estrutura física para a tecnologia Geosat na região do Pacífico.

A quarta tendência é trabalhar em camadas digitais, ou seja, o trabalho híbrido. “Dois anos atrás, nós movemos 25 mil pessoas do escritório para casa. Hoje, nós não falamos em retornar ao trabalho, em voltar ao normal na Telstra. Não perdemos tempo debatendo quem deve estar no escritório ou quando. Estamos todos em modelo de trabalho híbrido, pois, para nós, o trabalho é algo que você faz, não é um lugar aonde você vai”, disse. “O outro aspecto disso é que tivemos que mudar o nosso mindset na Telstra e a nossa relação com liderança digital. Ou seja, a discussão é menos sobre a tecnologia que construímos, mas como faremos isso. Isso é sobre um pensamento guiado por dados e digital (data-driven and digital-first) em tudo que fazemos e em como podemos melhorar nossa arquitetura e liberar APIs para sermos mais rápidos no mercado. Isso é uma grande mudança cultural e operacional em uma operadora de telecomunicação”, completou.

A quinta e última tendência é em cibergeopolítica e segurança nacional, um tema que está em voga com a guerra da Ucrânia x Rússia, na qual tropas cibernéticas também estão engajadas: “As imagens que vemos da guerra física na Ucrânia são apenas uma parte da história. Proteger negócios, países, clientes, famílias e suas almas, dependem de defesas cibernéticas, que são fortemente adaptadas. Eu aconselho o comitê de cibersegurança da Austrália e nós estamos sequencialmente fortalecendo as nossas defesas com estrutura cibernética e sistemas de importância nacional”, explicou.

“Estão mais abundantes os cibercrimonosos e os ciberativistas. Com isso, muitos países e suas redes estão constantemente sofrendo ataques cibernéticos. Como temos visto recentemente, o cenário de ameaças tem piorado. Todos nós estamos encarando crimes mais complexos em ambientes que miram nossas redes e clientes”, concluiu.