A Uber anunciou que disponibilizará a opção “Mulheres Motoristas”, que conectará passageiras e pessoas não-binárias (que não se identificam só como mulher ou apenas como homem) a motoristas parceiras. O acesso à nova função será ainda em um projeto piloto, que deve ocorrer de forma gradual e em algumas cidades do país – Campinas/SP, Campo Grande/MS, Curitiba/PR, Piracicaba/SP, Ribeirão Preto/SP, São José dos Campos/SP e Uberlândia/MG

Mesmo com o programa U-Elas — criado em 2019 —, que aumentou em 160% o número de motoristas mulheres, elas ainda representam uma parcela de 8% do total que trabalha pela plataforma. Por isso, a nova opção questionará, em caso de um longo período de espera, se a passageira deseja aguardar mais ou redirecionar sua viagem para o motorista mais próximo. 

Uma saída para quem quiser evitar esse imprevisto é fazer a reserva da viagem, algo que já existe no aplicativo da Uber e também poderá ser usado especificamente para acionar motoristas mulheres. Vale destacar que essas duas opções serão disponibilizadas em todas as cidades onde o piloto começará a funcionar. No entanto, somente em Piracicaba a usuária poderá configurar sua conta para que todas as suas corridas sejam preferencialmente com motoristas parceiras.

Desde 2018, a empresa vem buscando melhorar a segurança nos serviços prestados. Hoje, a plataforma oferece diversos recursos que podem ser usados tanto por passageiros quanto por motoristas: como gravação de áudio, compartilhamento do trajeto da corrida e botão para rápido contato com a polícia. Nos últimos seis anos, a Uber investiu R$ 40 milhões em iniciativas voltadas à segurança da mulher, dos treinamentos de sua equipe e motoristas parceiros até campanhas de conscientização sobre discriminação e segurança da mulher.

“A gente sabe que a segurança da mulher é um valor estrutural. Por isso, pensamos muito nas pessoas que o nosso ecossistema envolve e sobre como desenvolver ferramentas para atender uma viagem do início ao fim”, disse Silvia Penna, diretora-geral da Uber no Brasil.

Insegurança do dia a dia

Durante o evento realizado para anunciar a nova função, uma pesquisa feita pela Contente.vc mostrou que 97% sentem medo ao se deslocar e 71% sofreram algum tipo de assédio ou agressão. “Mobilidade é uma questão de privilégio e ele não é nosso. Cansa carregarmos um GPS invisível na cabeça, o deslocamento feminino é emocionalmente custoso”, observa Daniela Arrais, co-fundadora da Contente, que pondera que esse peso tem diferentes medidas para pessoas brancas, negras e LGBQIAPN+, sendo mais pesado para os dois últimos grupos.

Em novembro, a Uber divulgará um estudo em parceria com o Instituto Patricia Galvão e o Instituto Locomotiva. Nesta terça-feira, 28, a diretora de marketing da Uber para a América Latina, Luciana Ceccato, aproveitou para trazer em primeira mão alguns dados que chamam a atenção: 98% das mulheres respondentes sentem medo ao sair à noite para lazer e 90% relataram ter vivido alguma violência nos deslocamentos para esse momento.

Isso mostra que não é exagero afirmar que praticamente toda mulher tem algum tipo de estratégia para manter-se segura, seja um contato de emergência ou uma blusa a mais para se cobrir e não chamar tanto a atenção. “O pior é que aprendemos essas táticas antes mesmo de nos sentirmos inseguras desde muito cedo”, desabafou a executiva.

 

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