Em 2016, US$ 610 bilhões serão transferidos entre pessoas em remessas internacionais, de acordo com uma estimativa do Banco Mundial – desse total, US$ 2,9 bilhões serão enviados para o Brasil. A maior parte dessas remessas é feita através de bancos e outros prestadores de serviços financeiros internacionais. O problema é que as taxas cobradas são altas e às vezes leva-se muito tempo para realizar a transferência. Uma pesquisa feita com 3 mil pessoas que realizam transferências internacionais revela a insatisfação delas com os meios tradicionais de envio de dinheiro para o exterior, o que pode representar uma oportunidade para novos métodos, especialmente aqueles que usam o celular como interface.

A pesquisa foi encomendada pela Amdocs e realizada pela Juniper em três países: EUA, Alemanha e Reinio Unido. O foco foram sete corredores de remessa: EUA-América Latina (menos México); EUA-México; EUA-Filipinas; EUA-Índia; EUA-Vietnã; Alemanha-Turquia; e Reino Unido-Nigéria. Dos 3 mil entrevistados, 83% se mostraram muito interessados em experimentar o envio de dinheiro internacionalmente através do celular. Quando considerados apenas aqueles que usam serviços de operadoras de transferência de fundos (MTOs, na sigla em inglês), o percentual de interessados em testar remessas móveis sobe para 92%.

O preço de um serviço de remessa internacional móvel, contudo, precisa ser baixo. Dentre os interessados em experimentar, 41% estão dispostos a pagar até US$ 4 por transferência e outros 21%, até US$ 5. Além do preço e da rapidez, outro fator que pode favorecer as transferências móveis é a segurança.

Análise

A dúvida é quem vai liderar esse mercado? Operadoras, bancos ou start-ups inovadoras com apps? Quem envia dinheiro de países desenvolvidos provavelmente já tem smartphone. Mas entre seus destinatários, geralmente familiares em países emergentes, a penetração de smartphone ainda é baixa.

Em alguns países da África já é possível realizar transferências internacionais móveis, mas geralmente intraoperadora, quando um mesmo grupo de telefonia oferece serviço de dinheiro móvel em mais de um país. A regulamentação financeira mais flexível na África também facilita a criação desse tipo de serviço. Uma transferência entre operadoras distintas em países diferentes requereria um esforço maior de conciliação comercial.

Vale destacar que há também iniciativas inovadoras tentando resolver o problema através de apps sem a participação de operadoras celulares. É o caso da britânica WeTransfer, que está se tornando um case internacional nesse sentido, mas que também pode vir a enfrentar desafios regulatórios em alguns mercados.