O YouTube Kids acaba de lançar uma série sobre segurança digital para crianças entre quatro e oito anos. O conteúdo tem como objetivo educar e conscientizar os pequenos sobre a importância de se ter hábitos saudáveis e cidadania ao utilizar a internet. A produção foi anunciada nesta segunda-feira, 30, em evento na sede do Google, em São Paulo. Nela, o personagem galo Bartolinho se aventura na rede através de um tablet e interage com o lobo Beto, que sempre quer ter acesso aos biscoitos do seu Zenon, dono da fazenda, onde Bartolinho e outros animais vivem. Ao longo dos cinco episódios, o galo vai aprendendo a ter mais cuidado, principalmente graças ao conselho da vaca Maru.

YouTube Kids

A série, chamada A Fazendo do Zenon, conta as aventura de Bartolinho pela internet. Foto: Divulgação

O projeto foi lançado originalmente em espanhol, em fevereiro deste ano. Além do idioma castelhano, a série está disponível em português e em inglês. O conteúdo foi produzido pelo YouTube Kids e a Leader Entertainment, com o auxílio de uma especialista em ciências sociais, Belén Igarzábal. Ela responsável por adaptar os cinco fundamentos do programa “Seja gentil na internet” — também direcionado para público infanto-juvenil, do Google, para a série.

De olho na navegação

Atualmente, os pais podem controlar o acesso de seus filhos pelo YouTube Kids e pela navegação supervisionada. No primeiro, as configurações são estabelecidas pelo responsável e o acesso é por uma senha, criada por ele, e que difere da senha de acesso à conta. A plataforma oferece funções como bloqueio de busca, pausa ou limpeza do histórico de pesquisa, e bloqueio de um vídeo ou de um canal. Ela ainda é dividida por faixa etária: 0 a quatro anos; 5 a 8 anos; e 9 a 12 anos. 

O segundo, criado em 2021, é mais focado em adolescentes, dando mais autonomia ao jovem. Os pais podem definir a quais conteúdos terão acesso, além de receberem notificações sobre todas as atividades do pupilo no YouTube convencional, assim como o próprio adolescente, o que foi lançado mais recentemente.

De acordo com a plataforma, a cada minuto há 500 minutos de vídeos enviados. Mais de 100 países têm acesso localmente ao portal de vídeos e os conteúdos estão em 80 idiomas diferentes com base na localização.

Com o intuito de evitar que crianças e adolescentes passem muito tempo em frente às telas, há o máximo de fricção possível. Além disso, em casos em que o usuário busque por conteúdos de suicídio, automutilação ou transtornos alimentares, a plataforma o obriga a ter um período de pausa maior e oferece os recursos de suporte. Os responsáveis também podem definir o tempo de pausa ou definir o alerta para a hora de dormir.

Desde 2018, o YouTube proíbe propaganda personalizada ou anúncios de categorias sensíveis para crianças e adolescentes. Para garantir vídeos com bom conteúdo, a plataforma faz recomendações de produções de qualidade. Diante disso, ficam de fora: aqueles altamente comerciais ou promocionais, que incentivam comportamentos ou atitudes negativas, os pseudoeducativos, os que dificultam a compreensão, os sensacionalistas e enganosos, além do uso estranho de personagens infantis.

Desafios

Embora a plataforma do Google tenha iniciativas de combate a conteúdos impróprios, Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil e consultor do YouTube, afirma que ainda há um cenário desafiador, já que pessoas mal intencionadas encontram brechas para burlar as regras do YouTube. Um exemplo disso é o emoji de pizza que, a priori, parece inofensivo. Ele representa uma pizza de queijo que, em inglês é cheese pizza, ao abreviar o terno, ele se torna CP o que equivale à child pornography.

Para Januária Oliveira Alves, escritora e educomunicadora convidada do YouTube, muito além da tecnologia é preciso fazer uma leitura de mundo. “Não é necessário acessar à internet para falar com crianças e adolescentes sobre ela. A educação midiática é bem mais antiga do que parece, desde os anos 1920. Precisamos estabelecer diálogo e entender que é uma via mão dupla, em que ensinamos a eles e eles nos ensinam”, ressaltou Alves.

Foto: Januária Oliveira Alves e Clarissa Orberg, head de parcerias para conteúdos, de família e saúde do Google – Karina Merli.