Investidores e aceleradoras das start-ups expõem algumas barreiras para o aporte de capital em start-ups brasileiras, que precisam ser superadas. A discussão foi trazida durante painéis promovidos pela Abranet dentro da Futurecom, nesta segunda-feira, 3.

"Uma das barreiras é a questão técnica, a outra é a cópia de modelos já existentes que terão dificuldade de ganhar escala. Às vezes eles querem desenvolver uma tecnologia, mas não tem nenhum sócio com aquele conhecimento”, disse Guilherme Ralisch, consultor do Sebrae-SP, que não investe em start-ups, mas ajuda a desenvolver seus negócios com conhecimento e mentoria.

“Damos preferência ao empreendedor que tem experiência naquele segmento. A gente investe no time, e o time tem que ter capacidade de disrupção. O empreendedor tem que ter ideia boa, mas a capacidade de execução precisa estar acima da ideia”, completou Marcelo Sato sócio na Astella Investimentos.

Por outro lado, Jorge de Paula Costa Ávila, diretor sênior de desenvolvimento de negócios da Qualcomm, frisou que não há necessidade do criador de uma ideia ser de uma start-up e que o mais importante é o modelo de negócios atrelado à tecnologia.

Burocracia

Outro problema envolto no ecossistema de start-ups é a burocracia. Relações como documentação, patente e formas de pagamento entre grandes corporações e VCs que querem investir em novos empreendedores ainda são vistos como obstáculos para o desenvolvimento dos negócios. José Eduardo Veloso, engenheiro de tecnologia e inovação da Bosch, acredita que a utilização de métodos como fast track (rápido cadastramento de fornecedor) e trazer a start-ups para dentro de uma empresa podem ser uma forma de reduzir essas barreiras.  

Já Rogério Tamássia, fundador e diretor da Liga Ventures, visualiza a necessidade de as grandes corporações olharem com mais carinho para as start-ups na hora de as cadastrarem como fornecedoras. “Estamos em um processo de aprendizado. A grande empresa começa a olhar para a start-up como parceira. Muitas empresas criaram processo de Fast Track, mas é necessário produzir novos caminhos. Tem empresa que demora 60 dias para pagar o fornecedor, em muitos casos, 60 dias é vital: ela pode morrer neste tempo”.

Dinheiro

Os executivos foram questionados sobre os planos de suas empresas ou clientes dispenderem mais dinheiro para as start-ups que não estão em estágio inicial. A maioria disse que há dinheiro para investir, porém depende da tecnologia. O único que foi efusivo com o valor injetado nas novas entrantes foi Sato. Em sua venture capital, eles investem entre US$ 2 e US$ 4 milhões, mas avalia que para start-ups que precisam de quantias maiores para crescer (a partir de US$ 20 milhões) o ideal é ir para fora do País, pois não há investidores com tamanha capacidade de aporte aqui.