A recessão econômica está levando muitos brasileiros a atuarem como prestadores de serviços autônomos – isso vale tanto para os que estão desempregados quanto para os que têm um emprego mas desejam gerar uma renda extra nas horas vagas. Nesse contexto, há espaço para o surgimento de ferramentas digitais que ajudam a intermediar o contato entre esses profissionais e os potenciais clientes. Já existem algumas com esse propósito, como GetNinjas, mas o mercado está longe da saturação. O mais novo ator nesse cenário se chama Helpie e foi criado como uma spin-off da Utilicon, empresa que vende softwares de gestão de grandes obras de infraestrutura.

“A conjuntura econômica é totalmente favorável para plataformas como a nossa. E entendemos que o mercado não está consolidado”, avalia Leandro Gotz, cofundador e CEO da Helpie. Uma demonstração disso é a facilidade com que angaria o cadastro de novos profissionais em sua plataforma, a partir de campanhas online. Em apenas três meses desde o lançamento, a Helpie já conta com 4,5 mil prestadores de serviço. “É barato e rápido trazer profissionais. Até desaceleramos (esse processo) para focar agora em campanhas para atrair usuários”, explica o executivo. Não há uma lista pré-definida de profissionais: cada prestador pode livremente informar os serviços que presta e incluir mais detalhes sobre suas habilidades na forma de “tags” na descrição do seu perfil. Hoje há mais de 400 profissões no banco de dados. As mais comuns são eletricista, pintor e técnico em informática.

O Helpie disponibiliza dois aplicativos, um para os prestadores de serviço (Android, iOS) e outro para os clientes (Android, iOS). Eles funcionam de forma integrada, conectados pelo backend da empresa. O cliente pode buscar profissionais de acordo com o serviço requisitado ou publicar um anúncio do que procura, ou uma “necessidade”, como é chamada dentro da Helpie. A plataforma automaticamente busca pelos prestadores mais próximos que poderiam atender àquela demanda. Quando se trata de um pedido muito específico, uma equipe interna da empresa ajuda com uma busca manual por um profissional que possa executar a tarefa. É um time dedicado ao “match”, ou seja, ao casamento entre procura e oferta.

A negociação entre profissional e consumidor acontece dentro do app, através de uma ferramenta de bate-papo. Hoje ela opera somente com texto, mas em breve ganhará uma atualização para incluir imagens. No futuro, terá também mensagens de áudio e compartilhamento de localização. O pagamento é feito de forma antecipada, mas também dentro do app, com cartão de crédito. O profissional, porém, só recebe o dinheiro depois de executado o serviço, o que é confirmado pelo cliente. O dinheiro é transferido para uma conta virtual gerenciada por meio de um cartão de crédito pré-pago da Helpie, emitido com a bandeira Mastercard e enviado pelo correio para o prestador do serviço. Sobre o valor do serviço, a Helpie desconta um percentual que varia de 12% a 15% de acordo com o prazo que o profissional deseja receber o dinheiro – de forma imediata ou em até 30 dias.

Operação

Atualmente o Helpie conta com 10 mil usuários e registra em média 250 necessidades por semana, das quais 20% se materializam em transações – proporção que a empresa quer aumentar, conforme cresce a sua base. Hoje, o Helpie está mais concentrado em São Paulo, porém a ideia é começar a divulgá-lo em outras grandes cidades, como Rio de Janeiro e Porto Alegre, a partir do fim do ano. O ideal, pelos cálculos de Gotz, é ter uma proporção de 10 usuários para cada prestador de serviço. A meta dentro de dois anos é ter 120 mil profissionais cadastrados e 2,5 milhões de usuários.

Demandas de serviços ocasionais são as mais frequentes. Para serviços recorrentes, como aulas de línguas, por exemplo, é natural que profissionais e clientes acabem em algum momento buscando a “desintermediação”. A Helpie estuda mecanismos para evitar isso, como a redução progressiva da taxa cobrada e benefícios extras para quem busca pelo app.