O setor de logística no Brasil está se transformando com o aparecimento de diversas start-ups. Algumas delas focam no segmento de entregas rápidas, aproveitando o fim do e-Sedex, modalidade de entrega expressa dos Correios para despacho de produtos de e-commerce com até 15 quilos, e outras atuam no segmento de mudanças. Em comum entre elas está o uso da tecnologia móvel para captar clientes entre pessoas físicas e empresas de pequeno e médio porte.

Um exemplo é a iMoving (Android), uma start-up de mudança norte-americana focada no consumidor final e que funciona totalmente por dispositivos móveis, com um app para rastrear o caminhão com os pertences do cliente, e outro para a transportadora ver a melhor rota. Criada por Roger Madeira, ex-funcionário do Google, a companhia chegou ao Brasil há dois meses e analisa 12 mil data points (informações de estradas e diversos órgãos públicos) com machine learning para calcular de forma automática as melhores rotas, preço do transporte e mesmo o seguro da mobília transportada. Funcionando como um marketplace entre transportadoras e consumidores, o app consegue mostrar até 250 orçamentos de mudança para o cliente.

“Os critérios principais para o consumidor são: preço, meio de pagamento, qualidade, caixas, plástico bolha e tamanho do caminhão. Para a transportadora é o grau de dificuldade do imóvel”, diz Madeira em entrevista ao Mobile Time. “Já tivemos 1 mil mudanças no Brasil e vimos que o rastreamento faz diferença para o cliente. Para a transportadora é a opção de rota”, comenta.

A iMoving teve R$ 3 milhões de investimento para lançar sua versão brasileira. Cobrando 10% do valor sobre cada mudança, eles têm como expectativa atingir 5 mil mudanças e 7 mil downloads até o final de 2017, obtendo uma receita mensal entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões, um número considerado conservador pelo executivo.

“Apenas em 2016, a ANTT informou que houve 1,7 milhão de mudanças (no Brasil). E nenhuma outra plataforma (Cargo X, TruckPad e YouX) trabalha com machine learning no core de sua tecnologia e serviços”, explica Madeira. “Pelos números que a gente tem agora, uma mudança da classe A custa R$ 4 mil, a da classe B até R$ 3.750. Isso dá margem para chegarmos ao nosso objetivo de faturamento”.

Coleta inteligente

Outra empresa que vê espaço no segmento é a PostalGow (Android, iOS). Essa start-up busca apoiar pessoas que precisam enviar produtos e mensagens pelos Correios, mas não têm tempo para ir até uma agência. Atendendo tanto e-commerces como usuários comuns, a start-up utiliza uma empresa de courier (não revelada) para fazer uma coleta inteligente que passa em diversos endereços por uma rota previamente calculada, enviada ao celular do motoboy.

“Após fechar o pagamento e cadastro no app, o nosso coletor chega em até uma hora para os clientes nas cidades de Osasco, São Paulo, Santana do Parnaíba e Barueri. Ele entrega o pedido e acompanha em uma linha do tempo no app a entrega”, descreve Izidoro Conde, diretor da plataforma. “Hoje a nossa maior preocupação é essa comodidade para o usuário enviar uma encomenda agora de onde estiver, casa ou escritório. Percebemos que muitos e-commerces pequenos perdem tempo – até um dia – e dinheiro com transportadora para enviar suas mercadorias, pois disputam com os grandes”, completa Conde.

Atualmente, o PostalGow tem mais de 800 usuários cadastrados, 100 entregas por dia e um tíquete médio de R$ 25. Até o final de 2017, a empresa espera faturar R$ 250 mil por mês com 500 encomendas diárias. Para isso, eles apostam em centros de coletas que ficarão localizados em espaços comerciais e condomínios para facilitar a coleta.

Experiência

A Mandaê (Android, iOS), por sua vez, já encontrou seu espaço no mercado. Com três anos de atuação no empacotamento e entrega de mercadorias, a empresa entendeu como funciona a dinâmica do mercado de logística, em especial como os apps devem ser usados pelos comerciantes que querem transportar seus produtos.

“Hoje temos duas versões de app, uma interna para motoristas terceirizados com roteirização e coletas, e outra externa, que sempre está em mutação”, diz Douglas Carvalho, diretor de operações da Mandaê. “Nós sempre estamos remodelando o aplicativo para ser informativo (com o cliente interagindo com novas demandas que surjam com as entregas) e ter mais segurança (para acompanhar o agente que fará a coleta)”, completa.

Atualmente, a Mandaê cresce em média mais de 15% ao mês, tanto em faturamento como em quantidade de encomendas. Carvalho afirma que desde abril o crescimento “tem sido acelerado”, entre 18% e 15% ao mês. Ele ressalta ainda que no fim do ano o crescimento acelera com Black Friday e Natal.