"O século 19 foi marcado pela construção de ferrovias. O século 20, pelas rodovias. E agora, no século 21, é a hora de construirmos autoestradas digitais", compara Mauricio Ramos, CEO da Millicom, grupo que detém a marca Tigo e operadoras móveis em oito mercados da América Latina e três da África. O executivo participou do painel de abertura do Mobile 360, seminário organizado pela GSMA em Bogotá, Colômbia, nesta terça-feira, 31.

"Um bit precisa viajar para ser útil. E só viaja se houver redes, ou autoestradas digitais. Não haverá cidades digitais, ou indústria digital 4.0 se não houver redes de telecom de alta capacidade. É para isso que acordamos todos os dias: para construirmos autoestradas digitais", comentou Ramos.

O executivo criticou o fato de a indústria móvel ser altamente onerada em impostos pelos governos e o dinheiro não ser reinvestido no fomento da revolução digital. "Na América Latina, as operadoras pagaram quase US$ 40 bilhões em impostos no ano passado. Somente na Colômbia foram US$ 2,5 bilhões. Não estou pedindo redução tributária, mas gostaria que pensássemos o seguinte: e se esses US$ 40 bilhões, em vez de saírem da economia digital, fossem reinvestidos pelos governos para o desenvolvimento digital de seus países?", questionou.

Ele destacou ainda o fato de a penetração do 4G na maioria dos países da América Latina estar abaixo de 20%, enquanto nos desenvolvidos fica entre 60% e 80%."Desse jeito ficaremos para trás na revolução digital", alertou.

Presente no mesmo evento, o vice-ministro de inovação, tecnologias e sistemas da Colômbia, Daniel Quinterno, não comentou em sua palestra sobre o problema da carga tributária, mas reconheceu a importância do fomento ao desenvolvimento digital para a economia de qualquer país: "A tecnologia é uma estratégia transversa para o desenvolvimento de um país. Tecnologia leva saúde, educação, justiça, governo e democracia a cada canto do país. Um cidadão conectado é um cidadão que tem maiores opções de desenvolver seus direitos e de desenvolver inovação".