Era 2014 quando o Spotify (Android, iOS) chegou ao Brasil oficialmente. Até então, os brasileiros precisavam de um convite para serem usuários da plataforma de músicas. Havia grande expectativa para a sua estreia por aqui, que se arrastava desde março de 2013, período em que a aplicação foi disponibilizada para diversos países da América Latina. Neste ínterim, o brasileiro tinha ao menos a chance de se cadastrar no site oficial do Spotify no Brasil e receber o convite.
Novela à parte, o fato é que a plataforma de streaming caiu no gosto nacional a ponto de ser a mais usada e deixar a Netflix (Android, iOS) para trás, segundo pesquisa feita pela Comscore, entre 2022 e 2023. Por isso, se você foi consumidor de música nesses últimos dez anos, é muito provável que se surpreenda com o quão rápido passou e já carregue consigo um pouco de nostalgia.
Muito antes de dar play no Brasil
O Spotify foi fundado no ano de 2006, em Estocolmo, na Suécia, por Daniel Ek e Martin Lorentzon. Naquele período, a pirataria era um enorme problema para as gravadoras e seus artistas, por isso, não foi um grande desafio convencê-los a botar fé na ferramenta.
Aos poucos, a aplicação foi crescendo, avançando fronteiras e se popularizando. Em 2011, chegou aos Estados Unidos e fez dele o primeiro país fora da Europa a utilizá-la. No ano seguinte, o Spotify ganhou versões para navegador e Android. Só que também teve uma atualização que restringia o tempo de execução para usuários do plano gratuito a somente dez horas mensais e as repetições se limitavam a cinco vezes.
As restrições foram extintas em 2014, para a alegria dos brasileiros, que teriam o app recém-chegado e sem limites para usar. Sem contar que. àquela altura, a versão gratuita já contava com acesso às páginas de álbuns e artistas.
Spotify de verde e amarelo
De maio a abril de 2014, só quem tinha convite conseguia usar a aplicação no Brasil. Logo depois, o ingresso à ferramenta ficou nos moldes de como é até hoje, bastando um simples cadastro no app ou pelo navegador.
Ao longo da última década, o Brasil foi o responsável por cerca de 770 bilhões de streams. Aliás, não foi só a vida dos amantes da música que melhorou, mas a dos artistas também. A plataforma se tornou um mecanismo importante para disseminar conteúdo. Para se ter ideia, artistas brasileiros viram o número de execuções crescer mais de 240 vezes por aqui e 130 vezes no mundo. Nossos maiores consumidores externos são da América Latina, com a Colômbia liderando.
Os brasileiros foram responsáveis pela criação de ao menos 89 milhões de playlists. Logo, não foi necessário muito tempo para os artistas brasileiros ficarem entre os mais tocados do mundo. Em 2017, ALOK foi o primeiro a entrar no TOP 100 global do aplicativo, com “Hear me now”. No ano seguinte foi Anitta quem chegou ao ranking, com “Downtown”. Em 2022, ela ainda liderou o ranking global, com “Envolver”.
Entre músicas e álbuns mais reproduzidos nesse período por aqui, os brasileiros também dominaram. Anitta, inclusive, está entre os dez artistas mais tocados, mas o gênero sertanejo lidera.
No mundo da tecnologia, é difícil prever o que acontecerá na próxima década, mas a certeza é de que os brasileiros vão continuar escutando muita música em canais digitais, seja no Spotify ou em outros meios que ainda nem podemos imaginar.