A Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação do Senado Federal realizou, nesta quarta-feira, 28, mais uma audiência pública sobre a regulamentação de data centers no Brasil. O debate contou com a presença de representantes do setor público e privado, que concordaram em encontrar oportunidades de descentralizar as instalações no país, atualmente concentradas principalmente no Sudeste.

A discussão ocorreu no âmbito do PL 3018/2024, que dispõe especificamente sobre a regulamentação dos data centers de inteligência artificial. Por se ater a um tipo específico de aplicação, é que a questão da descentralização foi analisada. Para a diretora do Departamento de Transformação Digital e Inovação do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Cristiane Vianna Rauen, os senadores precisam avaliar se não seria mais adequado aproveitar a oportunidade legislativa para implementar incentivos para além de apenas o recorte da IA.

“A Política de Data Center que é profícua para a indústria brasileira é aquela que ocorre de maneira transversal, que não quer atingir apenas um perfil de data center, mas que pode ser aplicada a qualquer tipo, como o setor bancário, o data center edge [de borda]”, exemplificou.

É nesta visão mais ampla que o governo está preparando o lançamento da Política Nacional de Data Centers, que visa desonerar o investimento na instalação e aproveitar o potencial brasileiro para energia renovável.

Rauen acrescenta que a demanda apresentada ao setor de energia atualmente é diversa, por isso, busca-se “um perfil mais longitudinal de visão de política pública e de visão de impacto na cadeia de fornecedores de equipamentos de infraestrutura”. “É onde a gente vai conseguir escala produtiva para a oferta, dinamizar a indústria brasileira, e obviamente se beneficiar muito de treinamento, capacitação e oferta de serviços na cadeia jusante [serviços, setores e usuários finais]”, afirmou a representante do MDIC.

O presidente executivo da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), Affonso Parga, ressaltou que o tipo de aplicação faz parte da tomada de decisão dos investidores sobre onde instalar o data center e que a IA é uma porta de entrada, que poderia, em tese, constar com instalações “em qualquer lugar do Brasil”, quebrando a centralização atual, no Sudeste.

“Você tem uma parte dessa demanda que precisa estar próxima [do data center] – o que, dependendo da aplicação, são raios de 200 a 500 km. Ou seja, você fica limitado a isso. Mas você tem uma parte de processamento que pode ter uma distância maior. E aí aparecem oportunidades para o Brasil. O treinamento dos modelos de inteligência artificial, por exemplo, a gente pode fazer do Brasil para fora. Essa demanda de tempo [latência] não acontece. Então a gente tem uma oportunidade de exportação de serviços”, explicou Parga.

Ao longo das discussões, os parlamentares reconheceram que se trata de uma estratégia para a infraestrutura digital e sinalizaram que analisarão os caminhos que podem ser tomados no âmbito do Legislativo para maximizar as oportunidades de investimento.

 

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