A África é o novo eldorado da indústria móvel no mundo, com taxas de crescimento elevadas e uma juventude que está conhecendo a Internet através dos telefones celulares. Pela proximidade geográfica, empatia cultural e maturidade do mercado latino-americano, começam a surgir oportunidades para empresas brasileiras de conteúdo móvel no continente africano. É o caso da agência digital F.biz, uma das pioneiras em publicidade móvel no Brasil e que hoje faz parte do grupo WPP. Por demanda de alguns clientes antigos, a F.biz começou a comprar mídia móvel na África há um mês. Em apenas 30 dias já são seis clientes no continente, incluindo um local.

"Começamos pela África do Sul e Zimbábue. A receita que fiz no primeiro mês no Zimbábue foi maior que a registrada na Colômbia, onde estive cinco vezes pessoalmente. No Zimbábue fiz tudo por telefone", relata Marcelo Castelo, sócio-diretor da F.biz, que agora planeja viajar para a África com o objetivo de conhecer publishers e anunciantes locais.

A agência adquire para seus clientes espaço publicitário em apps e sites móveis exibidos em celulares na África. A compra de mídia é feita através de DSPs (Demand-Side Platforms) globais, ferramentas conectadas a ad exchanges e que permitem segmentar a campanha por país, operadora, modelo de aparelho etc. A procura parte de desenvolvedores globais que já contratavam a F.biz para a mesma tarefa na América Latina, como a King.com, criadora do game Candy Crush. Há também demanda por parte de empresas que querem vender serviços de mobilidade por meio de carrier billing na África. São clientes que buscam performance, que pode ser medida em instalações de apps, como no caso da King.com, ou em novos assinantes. O primeiro cliente local da F.biz, por exemplo, é uma empresa que vende seguros de vida e de automóvel pelo celular.

Resultados

Os resultados das primeiras campanhas impressionaram o executivo. A taxa de clique nos anúncios gira em torno de 4%, enquanto no Brasil a referência costuma ser 1%. Campanhas que atingem 1,5% de cliques no Brasil são consideradas um sucesso. "Isso mostra o alto nível de engajamento do público em relação a mobile advertising na África", comenta Castelo. Há uma explicação: a diferença entre a penetração de Internet móvel e a penetração de acesso via desktop na África é muito maior que no resto do mundo. Um recente levantamento feito pela KPCB revela que entre maio de 2013 e maio de 2014 o percentual de visualizações de páginas originado de dispositivos móveis na África saltou de 18% para 38% do total. É o continente com a participação mais alta de acesso móvel. A média mundial é de 25%. Depois da África, vêm Ásia (37%), América do Norte (19%), América do Sul (17%), Oceania (17%) e Europa (16%).

"Estudamos o mercado africano e ficamos impressionados com os números. A penetração de mobile internet é alta porque aquela de internet via desktop é muito baixa. Há muitos usuários que acessam apenas via celular", comenta Castelo. Além da África do Sul e do Zimbábue, a F.biz também já comprou mídia móvel no Quênia e deve realizar em breve a primeira campanha focada no Egito.

Outras empresas

A F.biz não está sozinha na expansão para a África. A carioca NearBytes acabou de fechar acordo com uma empresa de Zimbábue, a Edgetech, para a adoção da sua tecnologia de transmissão de dados por som para pagamentos móveis, conforme noticiado por MOBILE TIME esta semana.