Sair para almoçar com os colegas de trabalho às vezes pode ser uma dor de cabeça, por causa de filas para entrar ou para sair, falta de mesas e até pela dificuldade de se definir um restaurante que agrade ao grupo inteiro. Isso sem falar no custo: para muita gente, o vale refeição acaba antes do fim do mês. Como solução, há quem traga comida de casa, as marmitas. É mais barato, mas dá trabalho. E se houvesse uma oferta de refeições com boa qualidade entregues no escritório a um preço acessível? Essa é a proposta de um novo serviço criado dentro do marketplace Rapiddo (Android, iOS), da Movile, batizado como “Almoço no trabalho”. Ele está funcionando desde outubro do ano passado em teste piloto nos bairros paulistas do Morumbi, Vila Olímpia, região da Berrini, Itaim Bibi e Jardins. Nos últimos quatro meses, sem nenhum investimento em marketing, cresceu cinco vezes o seu volume de entregas, só na base do boca a boca. O próximo passo é replicar o modelo em outros bairros de São Paulo para comprovar o modelo de negócios e então expandir para outras cidades.

Os restaurantes parceiros são escolhidos a dedo pelo Rapiddo. Em geral há um principal de comida brasileira, que concentra 80% dos pedidos, e outros mais específicos, como um árabe, um japonês etc. A parceria segue o modelo white label: os nomes dos restaurantes não aparecem, mas sim a marca do Rapiddo. O cardápio atual tem cerca de 70 pratos, de um total de 250 cadastrados, e está permanentemente sendo modificado, para garantir uma variedade constante. É o Rapiddo que se encarrega de tirar as fotos de apresentação dos pratos e de fornecer embalagens padronizadas aos restaurantes.

Os consumidores devem fazer seus pedidos através do app do Rapiddo até 11h da manhã, para dar tempo de serem entregues entre 12h e 12h30. Só são aceitos pedidos de entrega em endereços de empresas, pois a ideia é justamente agrupar vários pedidos de um mesmo escritório e entregá-los juntos. O pagamento pode ser feito com cartão de crédito pelo app ou com vale-refeição, diretamente ao entregador. É possível comprar uma refeição avulsa ou pacotes de 5, 15 ou 20 refeições – neste último, o consumo deve ser feito dentro de 60 dias. Cada prato tem cerca de 450g e custa entre R$ 14 a R$ 20.

Funcionários da Movile almoçando no escritório

Operação

Há uma sofisticada operação logística para garantir o funcionamento adequado do serviço. As cozinhas dos restaurantes abrem de manhã, aproveitando um período normalmente ocioso, e começam a trabalhar nos pedidos tão logo eles vão chegando. O limite para os usuários realizarem pedidos é 11h. Os restaurantes concluem seu trabalho até 11h15. As refeições são postas nas embalagens e entregues em um hub próximo, gerenciado pelo Rapiddo. Lá, recebem uma “luva” com a marca do Rapiddo e uma etiqueta com o nome do cliente e o endereço de entrega. As refeições são agrupadas por empresa para onde serão enviadas e organizadas dentro das bolsas dos entregadores. O trabalho no hub precisa ser concluído em 40 minutos para que dê tempo para as entregas acontecerem entre 12h e 12h30.

Os entregadores usam bicicletas. Cada um carrega até 22 refeições. Às vezes saem dois ciclistas para uma mesma empresa. Eventualmente, em caso de picos de vendas, é feito transbordo para motoboys. E no caso de empresas com muitas dezenas de pedidos, a entrega é feita de carro. Já tem uma companhia que registra cerca de 90 pedidos por dia.

“Meu maior concorrente é a marmita de casa. Para atingirmos o preço de R$ 20, precisamos ter uma cadeia de custo de produção e operação logística com processos otimizados desde a compra de insumos até a entrega”, comenta Paulo Curio, diretor do Rapiddo Marketplace. “A margem da cadeia é muito apertada. Só funciona se todos estiverem de mão dada. O restaurante tem que vender por um preço menor do que o do salão, mas tem que manter a qualidade. Tem que ter margem mínima. Em troca, a gente promete alta escala. É um modelo de margem menor com volume de vendas maior”, argumenta.

Feedback

O feedback está sendo positivo. O serviço vem crescendo rapidamente pela recomendação entre os próprios consumidores. Curio relata o caso de um motoboy de uma empresa que falou para os colegas de trabalho que tinha encontrado um jeito de seu vale-refeição durar o mês inteiro e ainda se alimentar bem: comprando o pacote de 20 refeições do Rapiddo. Seu depoimento fez com que vários colegas de trabalho da mesma empresa passassem a encomendar seu almoço pelo serviço. Ao constatar o súbito aumento de pedidos naquela companhia, Curio foi averiguar a razão. “Esse é um dos cases mais bacanas. E o motoboy conta que ainda sobrou tíquete refeição para comprar uma pizza para a família no fim do mês. Dei um talher personalizado para ele de presente e crédito na carteira dele no Rapiddo”, relata o executivo.

Expansão

Agora o Rapiddo estuda a expansão do serviço de almoço no trabalho em outros bairros de São Paulo. Se der certo, vai levar para o resto do País. “Queremos que seja algo altamente replicável. Vale a pena ter um playbook e expandir rapidamente. Depois de São Paulo vamos para todo o território nacional. Mas vai depender da réplica desse piloto e do investimento que vamos precisar para realizar essa expansão”, diz Curio.