O projeto de desenvolvimento da NuCel, operadora móvel virtual (MVNO) do Nubank que roda na rede da Claro, foi marcado pelo encontro de culturas corporativas antagônicas. Apesar das divergências, os times das duas empresas conseguiram se entender e ambas tiraram lições, relataram executivos de Claro e Nubank durante painéis no Web Summit Rio, nesta semana no Rio de Janeiro.
A primeira divergência era quanto ao prazo. A Claro pediu inicialmente 18 meses para entregar a MVNO e o Nubank esperava que fosse em apenas seis meses. Isso porque a forma de trabalhar em cada empresa era completamente diferente. Enquanto o Nubank está acostumado a construir projetos com entregas menores e mais frequentes, a Claro tem o costume de fazer entregas maiores após prazos mais longos. No fim das contas, a NuCel ficou pronta em nove meses, um meio termo entre as duas expectativas iniciais.
Outra divergência era quanto ao modo de trabalho. Os funcionários do Nubank estão acostumados a trabalhar em casa, fazendo raras reuniões presenciais. A cada dois meses, ficam sete semanas em casa e apenas uma no escritório. E isso não significa que precisem fazer muitas reuniões virtuais, pelo contrário: a maior parte das discussões acontecem de forma assíncrona, através de ferramentas online. Na Claro, ao contrário, os funcionários estão quase todo dia no escritório. No projeto da NuCel, prevaleceu a cultura do Nubank, com modelo ágil e mais discussões assíncronas que reuniões presenciais.
NuCel: a primeira reunião
O diretor geral da NuCel, Paulo Barbosa, lembrou que a primeira reunião foi muito difícil, mas que depois as equipes foram se entendendo. “Fiquei surpreso com a abertura da Claro em se adaptar”, contou, em painel realizado no stand da Claro empresas. Ele recordou que no começo a equipe da operadora o tratava como “cliente”, e ele precisava constantemente lembrar que são parceiros.
“As diferenças eram gritantes no começo. Depois viramos um time só, o time NuCel”, atesta Thais Lamas, head de MVNOs e novos negócios da Claro, no mesmo painel.
“Houve humildade dos dois lados para reconhecer o que o parceiro tem de melhor. São empresas bem complementares. Temos aprendido muito”, confirmou a CEO do Nubank, Livia Chanes, em participação no palco principal do evento, um dia antes.
Por sua vez, o CEO da operadora, Rodrigo Marques, disse que a experiência de construção da NuCel gerou aprendizados para a Claro que serão levados para outros projetos dentro da companhia.
Foto no alto: Em painel do Web Summit Rio 2025, Livia Chanes, CEO do Nubank (meio), e Rodrigo Marques, CEO da Claro (à direita), são entrevistados pela jornalista Camilla Motta, da BBC Brasil (à esquerda). Crédito: Fernando Paiva/Mobile Time