| Mobile Time Latinoamérica | 67% do tráfego móvel na Colômbia é gerado por três plataformas, mas elas não pagam pelo uso da infraestrutura. A Asomóvil, entidade que reúne as operadoras móveis do país, está convocando a abertura do debate sobre a “contribuição justa”, ou fair share.

Num momento de grande pressão sobre a infraestrutura digital do país, as operadoras de telecomunicações na Colômbia estão elevando o tom em um debate que começa a ganhar força na América Latina.

O chamado fair share refere-se à necessidade de que os grandes geradores de conteúdo na internet paguem uma tarifa pelo uso intensivo que fazem das redes. As operadoras defendem que o país inicie esse debate.

Segundo a associação, dados recentes da Comissão de Regulação das Comunicações (CRC) confirmam o cenário. Entre 2022 e 2024, o tráfego de internet móvel na Colômbia cresceu 57%, com uma taxa anual composta de 25%. Esse crescimento exigiu investimentos superiores a 55 trilhões de pesos colombianos nos últimos sete anos por parte das empresas do setor, voltados à manutenção, expansão e modernização da infraestrutura.

No entanto, para a Asomóvil, esse esforço financeiro contrasta com uma realidade preocupante: 67% do tráfego móvel é gerado por apenas três empresas de tecnologia — Meta, Alphabet e TikTok — que não arcam com nenhum custo pelo uso da rede, embora obtenham grandes receitas por meio dela.

Somente em dezembro de 2024, a Meta gerou 226,3 TB de tráfego, a Alphabet 97,8 e o TikTok 53,90 TB. Esse volume equivale, segundo a CRC, a mais de 213 milhões de filmes em alta definição baixados em um único mês.

Samuel Hoyos, presidente da Asomóvil, alertou que essa situação compromete a sustentabilidade do ecossistema digital. “É como uma estrada por onde transitam bicicletas e também caminhões de carga pesada. Embora todos a utilizem, os caminhões causam muito mais desgaste e, por isso, devem pagar mais pedágios. Na internet, esses caminhões são as grandes plataformas, e deveriam contribuir de forma justa pelo uso que fazem da rede”, explicou.

Em dezembro passado, a CRC e o Ministério das TIC lançaram uma consulta pública para discutir o papel das plataformas OTT (Over-The-Top) e abrir um espaço de diálogo entre todos os atores do ecossistema digital. No entanto, ainda não houve avanços.

O tema não é exclusivo da Colômbia: no Brasil, a Anatel propôs estabelecer mesas de conversas para que os dois lados se sentem para discutir a tarifa.

 

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