O CEO do iFood e da Prosus na América Latina, Diego Barreto, afirmou que não pretende entrar em guerra com 99Food e Meituan e que o seu foco é desenvolver a plataforma de forma sustentável e criar novas ferramentas. Em conversa com Mobile Time, o executivo afirmou que o seu foco no momento é “construir ativos que levem o iFood para um outro patamar, para um outro nível”.
“A única coisa que eu não vou abrir mão é do meu core. Não vou deixar de olhar para o restaurante, porque é ali que está a minha fortaleza. É ali que vou continuar investindo a grandíssima maioria dos recursos para continuar evoluindo”, disse.
Mais cedo, Barreto confirmou um investimento de R$ 17 bilhões entre abril de 2025 e março de 2026. Questionado se esse investimento tem relação com o avanço dos rivais, Barreto negou veementemente: “A relação é zero. É uma subida de investimento que fazemos ano a ano. É uma lógica natural. Esses recursos vão majoritariamente para o que investimos nos últimos anos. Um exemplo é uma iniciativa focada na classe C que deu errado de 2018 a 2023, mas deu certo em 2024. A minha disposição não é entrar na guerra, é construir produto. A entrada é normal e é boa para o setor”, disse.
Entre os segmentos nos quais iFood atua, o de restaurantes é o que mais cresce em números absolutos. Mas, em termos proporcionais, os segmentos de mercado e farmácia se destacam com aumento de 70% ao ano.
Sobre a possibilidade de expandir os negócios para outras cidades no Brasil, o CEO explicou que o número atual de cidades em que a plataforma está presente, 1,5 mil municípios, é o ideal para atender regiões com mais de 50 mil habitantes. E que abaixo de 50 mil habitantes, hoje, Barreto afirmou que “dificilmente tem uma demanda” para delivery.
Não tem guerra, mas pode ter batalha regulatória
Contudo, o CEO do iFood afirmou que tem acompanhado sobre a disputa de regulação concorrencial na Arábia Saudita e em Hong Kong, em um sinal que pode significar um novo campo de batalha para o iFood. Nas ações dos dois países, os órgãos de controle de mercado e concorrências locais (similares ao Cade) reagiram contra a “campanha predatória de preços” por parte de empresas que jogam o preço das taxas para baixo e tem margens negativas para abocanhar um pedaço do market share.
“Ambos os reguladores se posicionaram e estão fazendo as empresas terem um comportamento mais lógico e racional, focando em uma competição saudável e não de involução”, afirmou.
Importante lembrar, a 99Food voltou ao mercado neste ano com uma estratégia agressiva para ter a adesão de entregadores e restaurantes, como comissão de R$ 250 a cada cinco entregas e taxa zero para comerciantes em comissão e mensalidade por dois anos. Tais estratégias podem ser encaradas pelos rivais como justamente uma prática predatória para obter espaço no mercado. Eventualmente, isso pode se tornar uma disputa no Cade como ocorreu no Oriente Médio e Ásia.
Imagem principal: Diego Barreto (de branco), CEO do iFood, e Rafael Corrêa, diretor de comunicação da plataforma (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)