Muito se fala sobre a importância de se atuar em rede, e quando o tema é inovação, essa ideia se torna ainda mais essencial. Especialmente no universo das Deep Techs, startups que nascem a partir de conhecimento científico, vejo o quanto as redes de inovação são fundamentais. Ao mesmo tempo, percebo desafios importantes para o aumento desta articulação no Brasil.

Na minha vivência com projetos de base científica, o ponto que mais se repete é claro: viabilizar uma Deep Tech exige recurso, infraestrutura, e tempo. E isso não se viabiliza somente com ideias bem elaboradas ou boas intenções. É preciso mais do que discurso. Sem acesso ao capital adequado e a laboratórios bem equipados e a estruturas de teste e escalonamento, o ciclo de desenvolvimento se alonga, a competitividade se reduz e a solução demora mais para chegar a quem precisa.

Por isso, é urgente uma articulação entre diferentes atores, universidades, setor privado e governo, para construir uma base mais sólida para essas startups. A construção conjunta de mecanismos de financiamento, o compartilhamento de infraestrutura, e políticas públicas efetivas não são bônus, são pré-requisitos para que a inovação de base científica se sustente.

Redes aceleram o caminho das Deep Techs para o mercado. Os programas de inovação aberta, por exemplo, incentivam startups a desenvolverem soluções para desafios específicos das empresas, além de promoverem a qualificação de pesquisadores empreendedores. Isso cria um ciclo virtuoso de cocriação. Em vez de desenvolverem soluções em laboratórios isolados, os empreendedores passam a atuar em ambientes colaborativos, com demandas concretas, feedbacks e oportunidades reais de aplicação de suas tecnologias. Nos projetos que acompanho, os ambientes de teste compartilhados e as mentorias têm sido diferenciais reais para acelerar o desenvolvimento tecnológico.

As redes de inovação que realmente funcionam são aquelas que conectam talentos, investidores, centros de pesquisa, hubs corporativos e governo. Criam espaços de troca, geram confiança e abrem portas. É nesses ambientes que a inovação deixa de ser retórica e vira prática.

Quando conseguimos articular bem esses recursos e relações, o resultado aparece: mais startups crescendo, soluções mais ajustadas às demandas reais do mercado e ciência sendo transformada em impacto.

Finalizo reforçando que o trabalho em rede com governo, universidades, empresas e comunidades de inovação é fundamental para transformar o país em um centro de referência em tecnologias emergentes, assegurando que as startups cresçam de maneira sustentável e ganhem destaque no cenário global. Afinal, a inovação científica não prospera sozinha. Ela exige tempo, estrutura, colaboração, visão coletiva e, sobretudo, comunidades preparadas para transformar conhecimento em impacto real.

O futuro da inovação no Brasil será construído por quem souber conectar ciência, mercado e propósito.

 

*********************************

Receba gratuitamente a newsletter do Mobile Time e fique bem informado sobre tecnologia móvel e negócios. Cadastre-se aqui!

E siga o canal do Mobile Time no WhatsApp!