|Mobile Time Latinoamérica| Claro e Nubicom — uma empresa argentina que busca entrar pela primeira vez no mercado móvel paraguaio — apresentaram propostas para a licitação do 5G no Paraguai, após Tigo e Personal desistirem devido às condições do edital que excluem fabricantes de origem chinesa.
A Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), órgão regulador local, confirmou que ambas as empresas pretendem obter blocos de 100 MHz cada, com possibilidade de ampliar o pedido para até 200 MHz.
O processo, que vai conceder frequências na faixa de 3,5 GHz, teve a abertura dos envelopes na última sexta-feira, 8 de agosto. A partir de agora, uma comissão avaliadora terá sete dias úteis para analisar a documentação e determinar quais participantes cumprem os requisitos. Depois, será publicada a lista de pré-qualificados e aberto um prazo adicional para que as empresas confirmem o interesse e definam a quantidade final de espectro desejada.
Ausência dos principais operadores
A não participação de grandes operadoras móveis como Tigo e Personal, que juntas concentram mais de 80% das linhas no país, se deve às exigências incluídas na versão final do edital, vinculadas à disputa comercial entre Estados Unidos e China.
O documento da licitação exige que os equipamentos sejam provenientes de países com os quais o Paraguai mantenha relações diplomáticas e que os fabricantes possuam a certificação internacional SCS 9001 — requisito que atualmente não existe no mercado e que restringe o uso de fornecedores, especialmente de origem chinesa.
Essas condições impediram a continuidade das duas operadoras, já que ambas utilizam infraestrutura de origem chinesa. Enquanto a Claro usa equipamentos da Nokia, a Nubicom, que busca entrar no mercado paraguaio pela primeira vez, consegue se adequar às regras.
Segundo a Conatel, as restrições têm como objetivo reforçar a segurança das redes e garantir reciprocidade nas relações comerciais e diplomáticas com os países fabricantes.
A decisão conta com apoio público do governo dos Estados Unidos. Robert Alter, encarregado de Negócios da Embaixada norte-americana no Paraguai, reiterou recentemente, em entrevista, que “a confiança nos fornecedores é fundamental para o sucesso dessa tecnologia” e destacou a importância de proteger os dados e a privacidade dos usuários.
Próximos passos da licitação do 5G
Após os sete dias de revisão das propostas, se não houver conflito nas frequências solicitadas, a adjudicação poderá ser resolvida sem disputa adicional. Caso contrário, haverá uma etapa extra de negociação ou um procedimento de alocação. Os vencedores deverão se estabelecer legalmente no Paraguai em até 45 dias e pagar a licença em no máximo 60 dias.
O governo previa investimentos próximos de USD 60 milhões para o lançamento da rede de quinta geração; no entanto, sem a participação das duas principais operadoras, esse valor pode cair. A meta oficial é que o 5G esteja disponível no país no primeiro trimestre de 2026.
A ilustração no topo foi produzida por Mobile Time com IA
