O recente lançamento do GPT-5 pela OpenAI reacendeu discussões intensas sobre o futuro da inteligência artificial generativa. Comparações entre benchmarks, métricas de desempenho e concorrência tomaram conta do debate. No entanto, acredito que esse tipo de análise, embora útil, é limitado. O que realmente importa não é apenas a potência do modelo, mas sim o que conseguimos construir a partir dele.
O GPT-5 traz novidades relevantes. A versão de maior porte impressiona pela capacidade de raciocínio e pela performance em geração de código, ainda que exija maior tempo de processamento. Já as versões menores oferecem experiências alternativas, mas ainda deixam a desejar em comparação ao já consolidado GPT-4 mini. E, mesmo no modelo mais robusto, persistem problemas em tarefas aparentemente simples. Em outras palavras, trata-se de um avanço interessante para uso individual, mas que não representa, por si só, uma virada de chave para aplicações empresariais em larga escala.
É justamente aqui que está o ponto central da minha reflexão: a verdadeira revolução da inteligência artificial não está no modelo em si, mas na forma como ele é integrado. O futuro da IA não será definido apenas por quem cria o modelo mais sofisticado, mas por quem souber orquestrar essa tecnologia em fluxos de negócio reais, com automação estratégica e integração robusta a sistemas críticos.
Modelos de linguagem são como motores potentes: têm enorme capacidade, mas só se tornam transformadores quando acoplados a uma engrenagem maior. É na arquitetura de fundo — na camada invisível que conecta a IA ao mundo real — que se decide se estamos diante de uma curiosidade tecnológica ou de um verdadeiro motor de transformação empresarial.
O GPT-5 pode estampar as manchetes. Mas a revolução, de fato, acontece em outro lugar: na engenharia que conecta a inteligência artificial ao valor tangível para pessoas e organizações.
*Nicola Sanchez é CEO e fundador da Matrix Go, empresa brasileira especializada em soluções tecnológicas para atendimento digital, relacionamento e engajamento com clientes.