[Matéria atualizada em 27/11/25, às 16h, para atualizar briga na Justiça entre 99 Food e Keeta] O presidente de operações internacionais da Keeta, Tony Qiu, acredita que a disputa de sua empresa com 99Food, iFood e Rappi é natural pela atratividade do mercado e será saudável no longo prazo. Em sua visão, o mercado brasileiro de delivery atrai investidores de fora por crescer 20% ao ano e ter uma receita anual de R$ 10 bilhões, o que mostra que ainda tem muito potencial de desenvolvimento.
Também afirmou que o diferencial neste momento é que o mercado de delivery terá mais de um player, o que dá mais poder de escolha para restaurantes, entregadores e consumidores.
“Acho que é realmente benéfico [a entrada da Keeta] para este mercado em longo prazo”, disse ao responder uma questão sobre disputas judiciais, acusações de espionagem e de práticas anticompetitivas que virou o mercado de delivery desde o anúncio da chegada da empresa da Meituan.
“No final das contas vai ganhar aquele que pode entregar o melhor serviço e a melhor experiência para consumidores, restaurantes e entregadores. Por isso investimos muito em tecnologia, operação e no nosso time de vendas, que apoiará os restaurantes”, completou.
Vale lembrar, a 99Food (controlada pela chinesa DiDi) iniciou sua operação em Goiânia em julho, agosto em São Paulo e Rio de Janeiro em outubro. Por sua vez, a Keeta começou a atuar na baixada santista (Santos e São Vicente) no final de outubro. Com investimentos bilionários, as duas empresas colocam sombra à liderança do iFood, o principal serviço de delivery com 81% de preferência, segundo o Panorama Mobile Time | Opinion Box sobre o comércio móvel de dezembro de 2024.
Com a chegada da Keeta, casos de polícia e de Justiça
No último dia 22 de outubro, o site da Veja chegou a noticiar a abertura de uma investigação comercial e diligência de busca e apreensão da Polícia Civil de São Paulo contra a Keeta. O motivo seriam crimes de concorrência desleal, furto de segredos comerciais e cooptação de ex-funcionários do iFood, o que Diego Barreto, CEO do principal delivery do país chamou de “espionagem corporativa” em seu perfil no Linkedin ao citar a matéria. Na ocasião, a Keeta afirmou que não recebeu nenhuma notificação ou execução de mandado, e reiterou o compromisso com as melhores práticas de mercado e que está aberta a colaborar com as autoridades locais.
Paralelamente, 99 e Keeta travam uma batalha na Justiça de São Paulo por uma cláusula de exclusividade que a 99Food colocou no contrato com os restaurantes em seu retorno ao mercado de delivery. A sua rival, que é controlada pela Meituan, teve um primeiro ganho de causa no último dia 21 de outubro, mas a companhia da DiDi recorreu e a Justiça entendeu, no início de novembro, que não cabe à Keeta “interferir no campo da liberdade negocial entre as partes, diante da presunção de paridade e simetria entre os contratantes”. OU seja, o Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu a legalidade dos contratos firmados entre 99Food e restaurantes que estão exclusivamente em sua plataforma
Ao mesmo tempo, nesta quarta-feira, 26, os executivos da Keeta reforçaram que não vão oferecer exclusividade aos restaurantes.
Mas essa disputa ganhou um capítulo adicional na última semana com a 99 abrindo uma investigação interna para avaliar tentativas de roubos de informações confidenciais por meio de ações criminosas e espionagem industrial contra seus funcionários.
E no começo de novembro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu um procedimento administrativo para acompanhar o mercado de delivery brasileiro, em especial nas cidades que Keeta e 99 começaram a disputar com os incumbentes iFood e Rappi: Goiânia; Rio de Janeiro; Santos; São Paulo; e São Vicente.
Imagem principal: Tony Qiu, presidente de operações internacionais da Keeta (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)
