O banco Inter (Android, iOS) lançou nesta quarta-feira, 3, uma solução de gestão, controle e educação financeira em seu aplicativo. Batizada como Meu Crédito, a função está disponível para 20 milhões dos 42 milhões de clientes que o banco possui atualmente.
De acordo com o diretor de crédito e recuperação da companhia, Mauro Rangel, o principal objetivo da ferramenta é dar mais clareza ao consumidor sobre o seu real poder de crédito e uma visão do todo em sua jornada financeira. O executivo detalhou que, diferentemente das soluções de birô de crédito e de outros bancos, a ideia é mostrar como está o score financeiro do consumidor, mas também como o cliente pode melhorar este índice para ter acesso a mais crédito com orientações factíveis à sua realidade.
“O Meu Crédito surge tentando resolver várias dores do brasileiro de forma transparente e quebrando tabus no mundo de crédito”, disse o diretor. “Por exemplo, nós sempre vimos o poder da decisão (de concessão) dos créditos na mão dos bancos. Quando negado, o cliente ficava apenas com uma ‘resposta seca’. Agora, nós vamos falar o motivo e o que o cliente precisa fazer para melhorar”, completou.
Atualmente, o Inter informa ao correntista sobre:
- O seu score de crédito;
- Data da próxima avaliação de crédito;
- Visibilidade da renda comprometida;
- Análise sobre os gastos.
O Meu Crédito ainda conta com gamificação para ajudar o consumidor a aumentar seu crédito com missões, como:
- Combinação de poupança com limite de crédito;
- Preenchimento do perfil financeiro;
- Manutenção da fatura de cartão de crédito em dia.
O diretor de crédito afirmou que, no futuro, outras soluções devem entrar como:
- Chave Pix;
- Integração via open finance;
- Análise de movimentação em conta;
- Análise de como usa o Porquinho;
- Regularização de dívidas.
Também mostrará como o cliente está dentro do Inter, centralizará a gestão financeira e de crédito no Meu Crédito, inclusive de outras instituições, assim como terá a centralização e gestão dos limites do cliente no Inter.
Crédito inteligente
Segundo Alexandre Riccio, CEO da instituição financeira, o Meu Crédito surge como oportunidade de levar crédito do banco ao cliente, assim como dar uma “vida financeira inteligente” ao correntista por meio de transparência e educação financeira e diminuir os estresses e medos do brasileiro sobre a concessão de crédito.
Em longo prazo, a ideia é que o Meu Crédito “contamine positivamente a economia” nacional com os brasileiros possuindo um melhor poder de crédito, menos inflação, menor taxa de juros: “Se melhoramos a condição de crédito, reduzirmos o padrão de inadimplência, o volume de dinheiro que os bancos vão conseguir emprestar para as vidas das pessoas será enorme. Isso muda a economia, muda a vida das pessoas”, completou o CEO.
Inicialmente, a solução chega para 20 milhões de clientes pessoa física, mas será expandido para todos os correntistas PF até o final deste ano. Para 2026, a expectativa é levar o Meu Crédito aos clientes pessoa jurídica (PJ).
Pesquisa

Gabriela Mello, líder de estratégia de dados e insights de consumo da Consumoteca (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)
Parte da construção do Meu Crédito foi baseada em uma pesquisa que o Inter encomendou junto à Consumoteca. Feita com 1,5 mil pessoas, a análise mostra que o consumidor sempre está na “corda bamba”, uma vez que:
- Apenas 23% conseguem guardar dinheiro;
- 29% têm as contas em ordem;
- 27% estão no limite;
- 13% têm instabilidades nas finanças;
- 6% um caso.
Gabriela Mello, líder de estratégia de dados e insights de consumo da empresa de pesquisas, explicou que este cenário mostra que, a partir das contas no limite, o brasileiro fica em uma encruzilhada para equilibrar as contas de dois modos: cortar custos ou aumentar a receita. Com isso, o consumidor recorre por vezes ao crédito para ajustar as contas. De fato, mais da metade (56%) pediu crédito ao banco no último ano. Mas 58% dos consumidores afirmaram que os bancos não são transparentes com relação à liberação do crédito.
Em paralelo a isso, a pesquisa mostra que seis em dez consumidores tentam se organizar financeiramente, mas não conseguem. Isso acontece pela falta de tempo dos brasileiros e pelas ferramentas mais usadas (planilha de Excel e caderninho) serem aquelas no dia a dia, mas não trazem resolução prática. Uma alternativa de educação financeira como influenciadores digitais são vistos pelos consumidores como presentes na rotina, mas não trazem soluções práticas por estarem fora da realidade do consumidor. E as tecnologias avançadas, como apps e IA são usados por poucos.
Hacks da vida
Com um cenário de estresse financeiro, dificuldade de acesso à crédito e organização financeira sem rumo, a Consumoteca descobriu que o brasileiro vive de improvisos (hacks) para sobreviver diariamente. Entre esses hacks estão:
- 39% pagam as contas no cartão de crédito para ter respiro;
- 31% pagam o mínimo do boleto quando estão em crise;
- 30% pagam o mínimo e entram no rotativo do cartão de crédito;
- 28% pagam contas com o Pix parcelado.
“O improviso não é um erro, é uma estratégia, uma inteligência”, disse Mello. “Essa é a nossa principal mensagem do estudo, nós precisamos falar o idioma dos hacks (improvisos), pois tem inteligência a estratégia por trás disso. No final, o ponto mais interessante do estudo é entender a realidade e a estratégia, ajuda o consumidor na corda bamba de suas finanças”, concluiu.
Imagem principal: Meu crédito no app do Inter (divulgação)
