Como engenheira eletrônica e entusiasta da tecnologia, enche-me de alegria ver as aplicações de inteligência artificial, robôs sendo comandados remotamente, telemedicina, mídia imersiva, celulares ultrapoderosos, redes inteligentes e a belíssima arquitetura do 5G que faz do filme de ficção científica que assistíamos quando éramos estudantes da faculdade, uma realidade.

Tive, ainda, o privilégio de acompanhar uma palestra privada da Deloitte, conduzida pelos especialistas de Telecom, sobre o “Futuro da Conectividade” e a “Monetização do 5G”, com participantes de várias partes do globo. Chego à conclusão de que, cada vez mais, o “poder” está nas mãos do consumidor. Ele é quem vai demandar os níveis de serviço a serem atendidos pelo “novo ecossistema digital”, cujos elementos não estarão mais circunscritos nas tradicionais operadoras. Disruptors já estão a postos em inúmeras regiões do mundo e novos players surgirão em diferentes partes da cadeia. As tradicionais operadoras terão sim um papel relevante no mapa do 5G, e irão demandar investimentos massivos. Os modelos “eficiência por custos” versus “diferenciação na entrega” serão combinados com parceiros de DNA distintos das operadoras, formando novos modelos de negócios para atender o que o consumidor e as empresas demandam.

Daí vem a ansiedade. Ansiedade não somente por tentar antecipar “como” será o mapa de players do 5G no Brasil, mas também “quando”. Aqui abro um parêntesis: de acordo com a edição de 2019 do estudo TMT Predictions, da Deloitte, a América Latina estará na terceira onda do 5G, atrás do bloco dos países desenvolvidos e da China voltando à ansiedade, inquietação por saber que as nossas empresas precisam incorporar estas novas tecnologias digitais para serem competitivas num ambiente global. Ansiedade também por tentar identificar players brasileiros relevantes neste mapa – atualmente quase inexistentes. Ansiedade por saber que precisamos ter um ambiente propício para negócios para atrair investimentos para a “nova estrada digital” – um cenário ainda longínquo em nosso País. Ansiedade por saber que estas novas tecnologias irão atender às demandas de um consumidor que hoje está mal servido com educação, saúde e segurança – que constitui a maior parte de nossa população.

Tenho dúvidas sobre o quanto a sociedade brasileira, em geral, sabe o quão relevante é a ciência e tecnologia para o desenvolvimento de uma nação. A criação de valor num país se dá através da “engenharia” dos produtos e serviços. Valorizar o profissional técnico de modo a aumentar a densidade tecnológica das empresas é de suma importância para o Brasil entrar na Era Digital.

Fico com a esperança de que neste mundo de ambiguidades em que vivemos, onde as cartas estão sendo embaralhadas com novos governos, novas tecnologias, novos modelos de negócios, novos parceiros, novo consumidor, novo eixo econômico, novos paradigmas do trabalho, o Brasil possa atuar de forma relevante e triunfar em setores estratégicos como Tecnologia e Telecom. Nesse misto de sensações, prefiro ficar com a esperança de um País melhor, para todos.