A decisão da Adobe de suspender a atualização de seu Flash Player para dispositivos móveis em prol do padrão HTML5 foi recebida por boa parte do mercado como se fosse uma vitória póstuma de Steve Jobs, já que a Apple se recusou a fazer acordos para incluir o software em seus smartphones e tablets. Mas, na verdade, é uma vitória de um modelo colaborativo de construção de tecnologias para a Internet. O HTML5 é desenvolvido pelo W3C, um consórcio com mais de 300 membros, entre empresas, órgãos governamentais e entidades independentes. Seu uso não requer o pagamento de licenças.

Hoje o HTML5 é suportado por navegadores dos principais sistemas operacionais vigentes no mundo móvel, como iOS, Android e Windows Phone Mango. Embora ainda não garanta as mesmas funcionalidades disponíveis nas linguagens nativas, especialmente no que diz respeito a animações de jogos eletrônicos, o HTML5 está evoluindo rapidamente nesse sentido. Quem quiser experimentar alguns apps móveis criados nesse padrão pode procurá-los em lojas como a da brasileira Zeewe.

Guardadas as devidas proporções e idiossincrasias, o modelo de cooperação usado para desenvolver o HTML5 aparece em diversos outros projetos relacionados a tecnologia, desde o Linux até o Wikipedia, passando pelas ferramentas de "crowd funding" e, de certa forma, também por portais de conteúdo gerado pelo usuário – neste caso, o conteúdo que é colaborativo, não a programação da ferramenta em si. A produção na Internet é cada vez mais coletiva, cooperativa e colaborativa. E não foi a Apple, nem Steve Jobs, quem plantou essa semente.