Dez anos atrás, o principal valor que os consumidores obtiam do seu celular era a capacidade de fazer chamadas de voz e, no máximo, enviarem mensagens de texto. Com o avanço dos últimos anos, vimos a indústria rapidamente evoluir para um ponto onde os dispositivos móveis já não são apenas um aparelho de comunicação ocasionalmente usado, mas uma forma de expressão de sua personalidade.

Essa personalização foi facilitada em grande parte pela explosão dos conteúdos móveis, como ringtones, wallpapers e ringback-tones. A evolução da tecnologia de smartphones permitiu o acesso fácil a conteúdos móveis, tais como músicas, vídeos, e jogos. Isso criou novos fluxos de receitas para muitas empresas, principalmente as da indústria de mídia, gravadoras, desenvolvedores e operadoras de telefonia móvel.

Hoje, a mudança mais significativa é a utilização do celular não apenas como um dispositivo de comunicação e expressão de si mesmo, mas também como um meio de se engajar em comércio móvel (M-Commerce). O M-Commerce tem a sua origem nos consumo de conteúdo e entretenimento móvel digital. Agora estamos em um momento onde M-Commerce começa a abranger a compra de quase qualquer produto digital, virtual ou físico, por meio de um dispositivo móvel.

Isso não significa que o mercado de entretenimento móvel esteja em declínio. Enquanto os produtos comercializados no início deste mercado, como ringtones e wallpapers, atingiram um patamar em termos de crescimento, pelo menos em mercados desenvolvidos, mais do que nunca entretenimento móvel está sendo consumido. Esse consumo é monetizado pelos próprios consumidores por meio de novos modelos de negócio (ex: freemium ou baseados em publicidade, como advergames).

Os consumidores estão se tornando cada vez mais abertos à ideia de fazerem compras de uma variedade de bens e serviços utilizando o celular. Em 2009, estudos já apontavam que a maioria dos entrevistados (53%), se sentia confortável com o uso de seu aparelho móvel para transações financeiras. Em 2010, as vendas de bens físicos adquiridos por meio de dispositivos móveis ultrapassaram US$ 1 bilhão somente nos Estados Unidos, um aumento de 33% em relação a 2009. Em uma base mundial, prevê-se que o mercado de transações de bens e serviços comprados através de dispositivos móveis chegará US$ 199 bilhões em 2015, o equivalente a 8% de todas as transações de E-Commerce.

Parte do crescimento exponencial do M-Commerce é atribuído à explosão de aplicativos móveis para smartphones, que têm expandido a forma dos consumidores descobrirem, interagirem e acessarem conteúdos, serviços e produtos. Isto tem levado empresas de diversas indústrias a criarem aplicativos que também facilitam o M-Commerce, criando assim um ciclo virtuoso de novas formas de pagamento e fontes de receitas.

Mas o M-Commerce não se resume apenas à compra de aplicativos. O conceito é muito mais amplo e se refere não apenas a pagamentos móveis, mas também a uma variedade de serviços que inclui cupons, promoções, ofertas baseadas em localização, busca por produtos entre outros, podendo ou não terminar em transações financeiras feitas no aparelho. Estas, por sua vez, podem ser realizadas no celular de diversas maneiras, utilizando a tecnologia USSD, SMS, internet móvel, carteiras virtuais, entre outras.

Como acontece com qualquer indústria em crescimento, a oportunidade de M-Commerce também traz desafios. Talvez o maior deles seja a preocupação do consumidor com a segurança e privacidade dos seus dados. Vale lembrar que demorou anos até que se habituassem a usar o cartão de crédito em um site de comércio eletrônico.

Da mesma forma, os consumidores ainda estão se acostumando a usar essas informações em seus dispositivos móveis. Assim, a indústria móvel nos próximos anos deverá focar no aumento da confiança do consumidor, criando padrões e mecanismos de segurança, no mínimo ao mesmo nível dos praticados nos dias de hoje no E-commerce.