Até a mãe do Musk teve que se meter para que a disputa pelo mercado de plataformas de mensagens curtas não chegasse aos “finalmente” – que, no caso, eram os ringues mesmo, já que circulava a possibilidade REAL de Musk e Zuckerberg travarem uma luta “concreta”. Para não chatear e preocupar ainda mais a genitora, o dono do Twitter (ou, do agora X) já aceita brigar com tio Mark apenas “com palavras”, via TED Talks. Uma pena, já que o fundador e dono da Meta (e, de quebra, do Facebook, do Instagram, do WhatsApp e do novíssimo Threads) já estava até treinando com boxeador profissional para nocautear o colega bilionário boquirroto.

A briga que quase chegou aos sopapos ficou ainda mais acirrada quando do lançamento do Threads, aposta da Meta para desbancar o Twitter, adquirido por Musk em outubro de 2022. 

Depois da aquisição, a rede outrora do passarinho azul passou por mudanças e foi rebatizada recentemente de X, num rebranding ainda inexplicado e controverso. Junto com o nome, perdeu muito de sua identidade. De quebra, Musk, como é de seu feitio, andou aprontando das suas e, dentre outras “surpresinhas”, limitou a quantidade de tweets permitidos para leitura para contas não verificadas (para contas verificadas, ou seja, assinantes do Twitter Blue, é de 10 mil tweets/dia; para contas novas não verificadas, é de apenas 500). Pode parecer muito, mas para usuários contumazes da rede, não é não.

Além disso, Musk assombrou o mundo com tomadas de decisões corporativas negativas (práticas de assédio e demissões em massa), além de publicamente ter chamado às falas os criadores de plataformas de inteligência artificial como o ChatGPT. Segundo o bilionário, a OpenAI, criadora do serviço, estaria “usando dados do Twitter para treinar seus modelos de inteligência artificial”.

De olho nas confusões do oponente, Zuckerberg colocou no ar sua versão de Twitter, o Threads, com bem menos funções e ainda na expectativa de cair nas graças do público. Depois dos primeiros dias de sucesso – catapultado pela ligação com o Instagram – o Threads deixou de gerar burburinho e mostra que ainda tem muito mais a oferecer antes de realmente ser a escolha principal dos internautas.

O Threads chegou no início de julho prometendo substituir o Twitter e arrebanhar os usuários descontentes com os rumos da rede do tempo real, mas o que estava disponível nem de longe tem fôlego – ainda – para tomar de assalto o posto do Twitter de rede preferida dos usuários de mensagens curtas e rápidas.

Em uma análise breve é possível perceber que o Threads foi lançada a toque de caixa para que a Meta ocupasse o vácuo causado pelas barbaridades de Musk, mas ainda há muita água para correr debaixo dessa ponte. A rede ainda é embrionária e há muitas funções a serem agregadas – e rápido – antes que a novidade se torne notícia velha.

A maior polêmica ficou por conta da impossibilidade de a conta ser apagada, uma vez que está umbilicalmente ligada a uma arroba do Instagram. Essa foi a estratégia adotada pela Meta para manter volumosos números de adeptos, mas a medida é impopular e a imposição é pretensiosa demais.

Um grande incômodo é que o feed dos usuários não mostra apenas as contas seguidas, e, num esquema TIK TOK, posts publicados a esmo são exibidos, gerando descontentamento por parte dos membros. O Threads possui um feed único, não cronológico, e mostra publicações de diversas contas famosas na rede social. Mas, por que, afinal, você aceitaria receber postagens que não são do seu interesse? Esse dever de casa é condição sine qua non para que os usuários não se cansem das suas timelines (caso dessa colunista aqui).

Outro tópico que ainda está na “lista de melhorias” da Meta é um dos grandes trunfos do Twitter (X): a lista dos trending topics, ou assuntos do momento, função que faz com que a rede do passarinho seja referência sobre o que está rolando no mundo – e serve como termômetro sobre o que é preciso saber. O Threads não tem e, pelo andar da carruagem, a melhoria pode demorar a chegar. 

Ainda não é possível postar no Instagram e no Threads ao mesmo tempo, o que faz com que a rede fique meio capenga, afinal, a própria Meta já enfiou goela abaixo o “casamento” das contas do Instagram e do Threads. Se não é para fazer post compartilhado, para que serve então? Também não é possível alternar entre as redes a partir nem do Instagram nem do Threads.

Enquanto o Threads não evolui e o Twitter não acaba, ficamos torcendo pelos azarões, como a indiana Koo, alvo de todos os trocadilhos de quinta série desde o seu lançamento, em novembro de 2022. A grande incógnita é descobrir se os 13 milhões de usuários adquiridos em tempo recorde pela plataforma aderiram em massa à rede para usar de verdade ou fazer piadas.