Dois anos atrás, em junho de 2023, escrevi um artigo sugerindo dividir a história dos chatbots em três gerações. Agora chegou a hora de fazer uma atualização nessa análise para descrever o que alguns entendem como uma quarta geração, ou bot 4.0, se preferirem.

Bot 1.0 – A primeira geração consiste em chatbots sem inteligência artificial. A conversa é guiada por uma árvore de decisão e/ou por um menu numérico, também chamado de “URA de texto”. Suas respostas estão previamente escritas.

Bot 2.0 – São robôs de conversação dotados de motores de processamento de linguagem natural (PLN). Esses chatbots são treinados para identificar a intenção contida na mensagem do usuário a partir de determinadas palavras-chave. Por trás de um bot 2.0 costuma haver uma equipe de curadoria que está continuamente atualizando a sua base de conhecimento. Quando o robô não reconhece uma intenção, responde que não entendeu e/ou encaminha a conversa para um atendente humano. Vários assistentes virtuais famosos no Brasil nasceram com essa tecnologia, como a BIA do Bradesco. Um dos motores de PLN mais utilizados no Brasil é o Watson, da IBM.

Bot 3.0 – A terceira geração é caracterizada pelo uso de grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês) de inteligência artificial generativa – a mesma tecnologia por trás do ChatGPT e do Gemini. Com ela, os robôs conseguem manter uma conversa fluida sobre praticamente qualquer assunto. Em vez de serem treinados para compreender a intenção do interlocutor, seu desafio é o oposto: precisam ser restringidos para só falarem sobre os temas que lhes competem. Empresas começaram a adotá-los como copilotos de apoio a seus funcionários, mas aos poucos experimentam colocar bots com IA generativa para conversar com o público.

E o que seria a quarta geração? O bot 4.0 é um agente de IA com interface conversacional. Um agente de IA é um software com autonomia para executar uma função específica para a qual foi programado, e que usa inteligência artificial para analisar dados e tomar suas decisões. Quando um agente de IA utiliza interface conversacional com IA generativa na interação com humanos, ele é o que chamo aqui de bot 4.0.

A diferença para a geração anterior, portanto, está principalmente na sua autonomia. Além disso, há a tendência de construção de soluções multiagentes, compostas por microagentes ou subagentes, cada um programado para cumprir um objetivo bastante delimitado, e todos conversam entre si, geralmente orquestrados por um “superagente” ou “agente orquestrador”. Em gerações anteriores, esses microagentes eram chamados de “skills”, ou “habilidades”.

Há quem entenda que a integração dos bots com o conceito de IA agêntica seja apenas o aperfeiçoamento da geração anterior de chatbots. Neste caso, seria mais justo chamá-los de bot 3.5. Mas talvez o melhor seja aguardar um pouco mais de tempo para deixar a poeira baixar e podermos analisar essa evolução com mais clareza. Enquanto isso, convido os leitores a lerem a matéria especial que publicamos nesta semana ouvindo diversos especialistas sobre essa nova onda de agentes de IA e seu impacto no Brasil.

A ilustração no alto foi produzida por Mobile Time com IA

 

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