Claudia Umemura, head de talento e transformação organizacional da NTT Data, afirmou que as empresas que implementam novas tecnologias, como a inteligência artificial, não devem focar apenas no retorno sobre o investimento (ROI). Durante evento organizado pela empresa no Cubo nesta terça-feira, 16, a executiva alertou que implementação não deve ser “da tecnologia pela tecnologia” ou “da inovação pela inovação”, mas deve ter um propósito.
“Nós também queremos ajudar as empresas a atingir o ROI. A provar o ROI. Mas falamos: ‘Olha, não vai direto para escolher a tecnologia. Vamos olhar primeiro os seus processos, tirar uma fotografia, vamos escolher bem primeiro. Quais os temas que você quer escolher para investir em tecnologia? E esses temas têm que ter uma importância para mexer com a empresa”, disse.
“A tecnologia implementada tem que melhorar a qualidade do cliente, trazer algum benefício, como no negócio ou produto. Acho que o ponto que a gente traz para provocação é que você não pode dar só isso. Esse (ROI) não pode ser o único indicador de sucesso”, completou, em resposta ao Mobile Time sobre a utilização de modelo de negócio baseado em resultados (outcome, em inglês) que está começando a ser explorado na era dos agentes de IA.
Cauê Dias, head de inovação, pesquisa e desenvolvimento da NTT Data, exemplificou com alguns casos em que os OKRs (objetivos e resultados-chave, na tradução livre do inglês) são importantes e não aparecem no ROI. É o caso da utilização de IA para melhorar a qualidade de vida de funcionários em uma empresa e por consequência isso traz a redução da saída de profissionais (turnover, em inglês), ou seja, um OKR de clima organizacional.
Adoção da IA

Executivos da NTT Data explicando a construção de IA, passo a passo (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)
Durante a conversa, Dias explicou que o objetivo a longo prazo é colocar o humano no centro da produção com o uso de IA e robótica, ao ponto que a pessoa se torne um “humano aprimorado”. Mas para isso é preciso ter uma escalada no uso da tecnologia, começando com IA conversacional, passando para agentes de IA, depois gêmeos digitais, robôs pessoais e, por fim, a plenitude dos “humanos aprimorados”.
Questionado sobre como pode ser feita essa evolução, o executivo afirmou que as empresas devem adotar todo o arcabouço em IA e robótica, a partir do degrau mais baixo, pois é mais difícil começar com tecnologias mais avançadas, como agentes digitais e digital twin.
Umemura explicou que, geralmente, as empresas ficam presas em 20% de adoção: “Como na IA conversacional, há um pico de empolgação, mas cai e chega a 20% que passam a usar no cotidiano do trabalho. A empresa que entende coloca a adoção em sua estratégia focada em liderança, cultura e upskilling, como letramento de IA”, afirmou.
“As empresas precisam da cultura que favorece a inovação, o humano com upskilling e treinamento. E nem tudo é IA nas organizações. Com melhoria de processo e organização de times, isso já ajuda. Quando falamos de letramento de IA, as empresas devem saber aonde usar e aonde não deve usar a IA”, afirmou.
Gêmeos digitais

Exemplo de gêmeo digital criado em telecom (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)
O head de inovação da NTT afirmou que as empresas de recursos naturais (mineradoras e agronegócio, por exemplo) são aquelas que têm se beneficiado mais do uso de gêmeos digitais, pois criam projetos que se pagam e têm ROI facilmente calculado com o uso de dados sintéticos, como em uma simulação para o controle de praga.
Porém, o executivo apresentou um caso de uso com 23 operadoras na Dinamarca e uso da API de qualidade de rede (QoD) para dar uma melhor cobertura de rede em uma frota de carros. Feito em parceria com Toyota e telcos como Vodafone, no projeto criado com Apple Vision Pro o controlador da frota pode contratar uma melhor cobertura de rede 5G (boost) de uma outra operadora para locais que em que há forte tráfego.
Imagem principal: Claudia Akemi Umemura, head de talento e transformação organizacional da NTT Data; Cauê Dias, head de inovação, pesquisa e desenvolvimento da NTT Data (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)