A Oi pode ser considerada uma espécie de “filha” da Telebrás, empresa privatizada em 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Além dela, o processo de repasse à iniciativa privada criou outras 11 companhias. Só que antes de ficar popular com o nome de uma saudação, em 2002, a operadora foi Tele Norte Leste e Telemar. Ao começar sua operação em junho daquele ano, a Oi tornou-se pioneira na tecnologia GSM no Brasil, com sinal e canais de voz digitais. O problema é que a sua cobertura ainda não englobava todo o território brasileiro. 

No ano de 2007, as operações de telefonia móvel e internet – antes divididas entre a companhia e a Telemar – foram oficialmente unificadas. Naquela época, o governo federal começou a se movimentar para fazer da Oi uma supertele. O processo tornou-se realidade entre 2008 e 2009, quando a empresa comprou a Brasil Telecom por algo em torno de R$ 5,8 bilhões, o que permitiu com que seu alcance fosse ampliado para todo o país.

Durante a década dos anos 2000, a operadora parecia trilhar um caminho promissor. Enquanto se equilibrava em ações de marketing ousadas, a Oi sofria a falta de transparência em suas negociações e más gestões. O Mobile Time relembra essa trajetória.

Curiosidades da Oi

Ao longo de seus quase 30 anos, a Oi teve diversos episódios curiosos e memoráveis. O primeiro é o seu nome: mais simples, tinha como objetivo transmitir maior proximidade. Em sua chegada ao mercado, a operadora lançou seus chips, assegurando ligações gratuitas por 31 anos aos finais de semana. O anúncio foi considerado algo revolucionário para os anos 2000, já que fazer ligação naquele tempo era algo caro. Não por acaso, a operadora alcançou rapidamente a marca de 40 milhões de clientes.

Só que essas não foram as únicas inovações. No ano de 2007, a empresa fez uma propaganda que entrou para a memória do brasileiro, com a música “quem ama, bloqueia”. Isso porque os aparelhos celulares que eram vendidos em lojas das operadoras não funcionavam com o chip das concorrentes e a Oi foi a primeira a abolir esse tipo de prática. A ideia da publicidade, além de promover essa novidade, era convidar os usuários a participarem de um abaixo-assinado contra o bloqueio de aparelhos. O documento recolheu 3 milhões de assinaturas, mas só em 2010, a Anatel pôs fim a esse tipo de ação.

Oi

Comercial que satirizava o bloqueio de aparelhos pelas operadoras. Imagem: Oi S.A / Wikimedia Commons.

O início do fim

Quem não acompanhou a história da Oi de perto pode até se surpreender com o imbróglio jurídico sobre sua falência dos dias atuais. Mas a verdade é que a empresa viveu diversos altos e baixos, estes especialmente devido a aquisições e fusões questionadas pelo mercado, além das diversas trocas de lideranças.

Em 2012, a operadora foi avaliada em R$ 21,3 bilhões. O valor de encher os olhos não duraria muito tempo. Um ano depois, a empresa foi comprada pela Portugal Telecom. A negociação foi considerada um grande movimento estratégico, que envolvia 100 milhões de consumidores e R$ 40 bilhões em receita, mas foi um processo conturbado, que trouxe muitas dívidas à operadora brasileira.

Em 2016, com um valor de mercado de R$ 800 milhões, a Oi entrou com pedido de recuperação judicial, o qual incluía dívidas de mais de R$ 65 bilhões, já que acionistas e credores da companhia não conseguiram chegar a um acordo. Na época, ele foi considerado o maior da história brasileira. A companhia ainda contava com 70 milhões de clientes, mas a maioria era na telefonia fixa, enquanto no setor móvel, ficava atrás de outras grandes operadoras, reflexo da sua deficiência em se adaptar ao novo perfil do consumidor.

Cerca de seis anos depois, a empresa abdicou de sua linha móvel, vendendo a operação para Claro, TIM e Vivo por R$ 16,5 bilhões. Desde então, passou a focar em serviços de fibra óptica e infraestrutura. Ainda em 2022, o processo foi concluído, mas em vão. Em 2024, a operadora solicitou uma nova recuperação. 

No segundo trimestre deste ano, as dívidas eram de R$ 31 bilhões e, na última segunda-feira, 10, a Justiça do Rio de Janeiro decretou a sua falência No entanto, nesta sexta, 14, a 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) suspendeu o decreto, após recurso do Itaú. O banco alegou que a falência causaria “prejuízos potencialmente mais graves não apenas aos credores, mas ao interesse público”. 

 

Imagem: Oi S.A Wikimedia Commons.

 

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